Mesmo em meio aos projetos de desinvestimentos da Petrobras – que não se resumem apenas às refinarias, como a Landulpho Alves, na Bahia, mas também à malha de gasodutos de toda a Região Nordeste-, a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás), concessionária responsável pela distribuição de gás natural canalizado no estado, anuncia investimentos de, aproximadamente, R$ 72 milhões, até o final deste ano. O governo baiano é o principal acionista da companhia, mas a Petrobras tem participação, por meio da subsidiária Gaspetro.
Os investimentos previstos preveem a ampliação da rede de distribuição em 30 quilômetros, para permitir o fornecimento do Produto a 6.083 novos clientes. Embora o consumo residencial tenha crescido 29% no ano passado, principalmente em Salvador, a maior parte dos investimentos previstos, R$ 33 milhões (46% do total), será destinada à construção do Projeto Sudoeste, um gasoduto que vai permitir abastecer grandes empresas do oeste baiano, polo de grãos e minérios.
O potencial de crescimento do Mercado estadual, independentemente dos rumos da Petrobras, é o que parecem motivar a companhia a trilhar seus projetos de expansão. “A Bahia, mais do que nunca, se tornou um polo de movimentação do gás natural”, frisa a diretoria da concessionária, no mais recente Relatório da Administração divulgado no mês passado aos acionistas. Em cinco anos, a Bahiagás prevê a aplicação de R$ 679 milhões.
“Temos a Bacia de Camamu, primeiro nicho de produção offshore (no mar) do energético. Somos atendidos pelo gasoduto da Integração Sudeste- Nordeste (Gasene), gasoduto de transporte que interliga a Região Sudeste ao Nordeste, e que possui três pontos de entrega na área de concessão da Bahiagás (Itabuna, Eunápolis e Mucuri), o que nos permitiu expandir para o Sul e Extremo Sul do estado e, nos próximos anos, para o Sudoeste”, completa o texto referindo-se, entretanto, aos gasodutos da Petrobras.
Chamada Pública
Pelo sim, pelo não, o fato é que a companhia até já fez, no ano passado, uma chamada pública para aquisição de volumes de gás natural, “com o objetivo de atrair novos supridores nacionais e internacionais” para o atendimento da demanda de gás da Bahia. Segundo a companhia, mais de 15 agentes enviaram manifestação de interesse, sendo que três protocolos de intenção já foram assinados, conforme divulgado no relatório que especifica a presença de empresas estrangeiras. “A expectativa é de que, em 2018, a Bahiagás venha efetivamente firmar contrato com novos supridores, em condições de Mercado competitivas”.
O interesse tem boas razões: a companhia registrou no ano passado lucro líquido de R$ 169,8 milhões, um aumento de 29,9% em relação a 2016. São mais de 52 mil unidades interligadas à rede canalizada, incluindo o fornecimento não apenas para grandes indústrias, responsáveis 92% das vendas da Bahiagás, mas também pela presença, cada vez mais crescente, de consumidores residenciais e empresas comerciais.
Fundo
As questões envolvendo os projetos de venda de ativos da Petrobras no setor preocupam as companhias de gás em todo o país. A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) defende a criação do Fundo de Expansão dos Gasodutos de Transporte e Escoamento da Produção (Dutogas). É uma das ações propostas na Medida Provisória 814/17, cuja votação está agendada para amanhã.
Se aprovada, a nova fonte de recursos servirá, segundo a Abegás, para expandir gasodutos de escoamento e instalações de processamento do gás natural do pré-sal e o sistema de gasodutos de transporte e as instalações de regaseificação complementares para atender às capitais e o Distrito Federal.
“A ampliação da nossa malha de dutos de transporte e da infraestrutura essencial contribuirá para a expansão do Mercado brasileiro de gás natural e também será primordial para a retomada dos investimentos, entrada de novos agentes e geração de empregos e renda”, disse, em nota, o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon. O fundo evitaria incertezas em função da privatização dos principais gasodutos da Petrobras.
Fonte: A Tarde – BA
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