A ideia de ajudar o Brasil a retomar o crescimento econômico com a redução dos custos da energia e do gás natural para a indústria pode esbarrar na baixa oferta de gasodutos. Atualmente, a rede de transporte de gás natural conta com apenas 9.409 quilômetros concentrados ao longo da costa. O tamanho reduzido da malha, quando comparado à dimensão do país, tende a influenciar negativamente no esforço do governo de diversificar a oferta do insumo no país.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito que o plano para oferecer energia barata para a indústria pode ter efeitos semelhantes ao da produção de “shale gas” nos Estados Unidos, no fim dos anos 2000. Porém, a iniciativa que marcou o ressurgimento da produção americana de gás contava com uma rede de gasodutos já instalados de cerca de 400 mil quilômetros – hoje ela já supera os 550 mil quilômetros.
A EPE tem preparado estudos sobre novos gasodutos de olho na oferta crescente de gás natural no Brasil. Os projetos apontam para a instalação de mais 7.045 quilômetros de dutos de transporte.
As projeções de aumento da oferta de gás natural consideram, em grande parte, as novas entregas dos campos do pré-sal.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a oferta de gás nacional deverá crescer 70%, chegando a 111 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia) em 2027.
“O crescimento da malha depende de investimentos. Para isso, é necessário dar sinais econômicos que possam aumentar a demanda e principalmente ampliar a oferta e a interiorização da rede para outros Estados, inclusive aqueles ainda não atendidos”, disse o presidente da Abegás, Augusto Salomon.
O governo tem sinalizado que o novo momento do setor de gás natural, que será marcado pela diminuição da influência da Petrobras e pela criação de um ambiente competitivo na oferta, contará com investimentos privados. Salomon, no entanto, defende o acesso a fontes de recursos semelhantes ao Brasduto – programa debatido no Congresso que, se for aprovado, permitirá que investidores usem o dinheiro do Fundo Social para construir gasodutos.
“Este fundo [o Brasduto] aumentará a comercialização do gás natural do pré-sal e criará a devida concorrência na oferta de molécula de gás natural”, afirmou o presidente da Abegás.
Fonte: Valor Econômico
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