Retomada da economia e expectativas com desenvolvimento do mercado livre devem provocar aumento da demanda
Novas chamadas públicas de compra de gás natural por parte das distribuidoras do Centro-Sul não estão descartadas. Mas tudo dependerá da demanda futura do insumo, caso as indústrias voltem a produzir mais e, por consequência, a consumir mais gás. Além disso, há expectativa de criação da figura do consumidor livre dentro do novo desenho do mercado do gás que está se delineando, o que pode reforçar o aumento da demanda.
Porta-voz do processo coordenado das empresas, o presidente da GasBrasiliano, Walter Fernando Piazza Junior, observa que a oferta de gás por parte das distribuidoras sempre precisará ser ajustada, dependendo do ritmo de crescimento da economia do país. Caso essa retomada se confirme, os volumes vendidos precisarão ser realocados, podendo surgir a necessidade de compra de mais insumo.
Além disso, o mercado livre é uma iniciativa que precisa ser observada com atenção, porque, caso comece a se desenvolver a exemplo do que ocorreu no setor elétrico, serão necessários novos supridores para atender à demanda adicional. Segundo Piazza, as distribuidoras de gás apoiam o movimento, mas é preciso manter o pagamento pelo uso da infraestrutura de distribuição.
Chamada em andamento
Na primeira chamada pública promovida pelas empresas do Centro-Sul, foram aprovadas 98% das propostas apresentadas, que agora serão complementadas. O negócio pretende adquirir volume total de aproximadamente 10 milhões de m³/dia de gás por meio de novos agentes supridores. Entre as empresas ofertantes, estão a Petrobras e a Shell. O início do suprimento está previsto para 2020.
Inicialmente, Piazza diz que todos os tipos de suprimento apresentados parecem ser viáveis, mas ressalta que a entrega via GNL deverá exigir mais investimentos em construção de novos terminais de regaseificação. Hoje, na área de influência das distribuidoras que participam do processo, já há alguns projetos de construção de terminais de GNL em andamento.
Na terça-feira (30/4), a Comgás obteve a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para construir um terminal desse tipo na Baixada Santista. Há ainda a previsão de implantação de outro terminal em Santa Catarina, pela Golar Power. Juntos, estes dois terminais têm capacidade para regaseificar cerca de 30 milhões de m³/dia, volume que poderiam suprir as distribuidoras da região.
Há ainda outros terminais em estudo. Além do projeto da Golar Power, o estado de Santa Catarina pode receber ainda um terminal em Imbituba, que seria construído a 35 km do Gasbol. No Paraná, existem dois terminais que podem ser construídos, um no Porto de Paranaguá, com capacidade para regaseificar 7 milhões de m³/dia; e um outro no Pontal do Paraná, de até 10 milhões de m³/dia. Outros dois projetos em estudo são o terminal em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, cuja capacidade seria de 14 milhões de m³/dia para atender inicialmente termelétrica de mesmo nome; e o terminal de Tramandaí, a 80 km do Gasbol.
A chamada pública está sendo promovida pela Compagas, GasBrasiliano, MSGás, SCGás e Sulgás, que, juntas, atendem mais de 134 mil consumidores de gás natural e possuem mais de 4,4 mil km de redes de distribuição em 161 municípios.
Fonte: Brasil Energia