A produção de gás natural do Brasil tende a crescer bastante nos próximos anos, em particular entre 2023 e 2025, com a entrada de novos projetos na Bacia de Santos, e o país precisa trabalhar para que o insumo chegue ao mercado, disse nesta quarta-feira a diretora-executiva de Refino e Gás Natural Petrobras, Anelise Lara.
A executiva, que não citou números de crescimento da produção, declarou que há desafios importantes no abastecimento do mercado e para a abertura do setor, conforme planeja o governo.
Segundo ela, a petroleira tem trabalhado juntamente com o governo e outros agentes para permitir a quebra de monopólios, com a entrada de novos atores, em busca de mais competição e investimentos.
“Para que esse gás possa chegar ao consumidor é importante também novos investimentos em infraestrutura e isso nós vamos fazer em conjunto com os parceiros, que são os demais carregadores desse gás”, afirmou Lara.
Atualmente, Lara ressaltou que a Petrobras compra o gás natural dos parceiros, porque a regulação atual não permite a entrada de outros carregadores. O governo e a agência reguladora ANP estão trabalhando para revisar esse modelo e permitir a entrada de novos agentes.
“A Petrobras também está se comprometendo a dar acesso a demais carregadores em sua infraestrutura de processamento de gás”, disse Lara, destacando que dessa forma gigantes como Shell, Galp e Exxon poderão comercializar no país gás produzido em campos brasileiros.
O movimento de abertura, segundo a executiva, é bem-vindo para a criação de um mercado mais dinâmico e competitivo, trazendo benefícios para a sociedade e para a Petrobras.
“O exercício do monopólio que a gente cumpriu, eu diria, com bravura e coragem até hoje, garantindo o abastecimento do gás, traz também consequências, deveres e responsabilidades que para uma única empresa assumir sozinha é muito complicado”, afirmou, sem detalhar. Lara ponderou, no entanto, que a abertura demanda uma preparação do Brasil, e que os múltiplos agentes atuem de forma sincronizada, transparente e alinhada com reguladores. Segundo ela, agentes como ANP e Ministério de Minas e Energia terão papel mais relevante para garantir o abastecimento de gás do país.
Também na abertura do evento, o presidente do IBP, José Firmo, que representa as petroleiras no Brasil, saudou a iniciativa do governo federal para abrir o mercado de gás e defendeu que é “inaceitável” que o país opte por reinjetar grande quantidade de gás nos campos, em vez de buscar meios para comercializá-lo.
Firmo afirmou, entretanto, que “ainda há longo caminho a percorrer” e que a agência reguladora tem um papel fundamental, criando regras que assegure acesso à infraestrutura de diversos atores.
O superintendente de Infraestrutura e Movimentação da ANP, Helio Bisaggio, ressaltou que a agência está trabalhando em uma grande agenda para a abertura do setor, incluindo a edição de 11 novas resoluções, sendo a primeira uma que tratará da independência do transportador.
“Não existe mercado competitivo sem transportador independente, sem livre acesso ao sistema de transporte”, afirmou Bisaggio.
Fonte: Reuters
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