O presidente da Engie Brasil, Maurício Bahr, acredita que o país tem uma oportunidade “espetacular” com a abertura do mercado nacional de gás. O executivo acredita que a abertura, somada às expectativas de aumento relevante de produção devido ao pré-sal, contribuirão para o uso do insumo para fins além da geração elétrica, como produção de fertilizantes e fonte de energia industrial.
“Tem oportunidade de uso de desse gás em siderurgia e várias outras cadeias”, frisou o executivo.
Bahr, que assistiu ao segundo dia de desfiles do Grupo Especial do carnaval do Rio de Janeiro no Sambódromo, deixou claro, no entanto, que ainda há a necessidade de melhorias nas sinergias entre diferentes setores para que a utilização do gás natural atinja toda a sua capacidade.
Perguntado sobre a possibilidade de a abertura de mercado possibilitar a geração de energia termelétrica na base – quando a usina gera pela ordem de mérito econômico e não por determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) como uma forma de poupar água dos reservatórios hidrelétricos – ele deixou claro que falta interação entre os setores de energia elétrica e de óleo e gás.
“Acho que para a térmica a gás operar na base, a gente precisa cada vez mais conversar. O setor elétrico e o setor de óleo e gás [devem conversar] para que esse intercâmbio, essa sinergia, aconteça de forma eficiente. Hoje isso não tem uma regra”, afirmou, sem entrar em detalhes de como essa conversa deve avançar.
Bahr acrescentou que o país precisa valorizar os atributos de cada fonte de energia.
Para ele, o Brasil tem a facilidade de dispor de diversas fontes energéticas, como gás natural, biomassa, eólica, hidroeletricidade e energia solar.
“Só que, em vez de dar subsídios para essas fontes, a gente deveria valorizar o atributo de cada uma. A energia hidráulica permite que você armazene, tem um efeito de bateria, mas ela não é valorizada por isso. Hoje você tem um efeito negativo nas hidrelétricas”, ressaltou. “Quando a geração eólica entra, você desloca a hidrelétrica. Você tem que valorizar o atributo positivo de cada uma delas”, acrescentou, lembrando que esse ajuste caberia aos órgãos de regulação, como o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em debate com os agentes do mercado.
Mesmo com pequenas necessidades de ajuste, Bahr afirmou que o Brasil segue sendo uma peça importantes para a matriz da Engie, uma vez que o país é o segundo maior mercado da companhia, depois da França.
O executivo disse ainda que a empresa segue avaliando a possibilidade de adquirir distribuidoras de gás no Brasil. Segundo ele, é necessário ter certeza se a “regra do jogo permite ou não [a aquisição]”. Ele também destacou que espera ter uma definição sobre a compra dos 10% que ainda restam da TAG nas mãos da Petrobras.
A Engie e o fundo canadense Caisse de Depôt et Placement du Quebec (CDPQ) adquiriram 90% da empresa no ano passado e têm preferência na compra do restante.
Também presente ao Sambódromo, o diretor presidente da TAG, Gustavo Labanca, lembrou que em oito meses depois da compra da companhia, 50 dos cerca de 90 funcionários já são da TAG – quando assumiram a companhia, metade era de terceirizados da Petrobras e a outra metade de funcionários da estatal.
Ele afirmou que, depois de um início onde o principal alvo era a preservação de valor da companhia, a expectativa é positiva em relação aos próximos passos, com a saída total da Petrobras do capital e a formação de uma mercado efetivo de transporte de gás. Ele lembrou que a Petrobras ainda produz a grande maioria do gás no Brasil, mas mesmo assim, a proibição de compra e transporte por ela vai “dar dinâmica” ao mercado.
“É um volume pequeno, mas vai criar dinâmica de mercado”, disse, acrescentando que há grandes empresas que podem ser carregadores nos gasodutos da TAG, como Shell e Equinor, entre outras. “É um desafio, mas é recompensador.”
Também no Sambódromo, Eduardo Sattamini, diretor presidente da Engie Brasil Energia, afirmou que, apesar de ter um empreendimento inscrito no leilão de energia de termelétricas marcado para abril, acredita que o certame terá baixa procura, uma vez que o Brasil ainda não demonstrou uma tendência de crescimento forte, principalmente em se tratando de uma demanda para daqui a quatro ou cinco anos.
A Engie Brasil Energia inscreveu a térmica a carvão de Jorge Lacerda, que está à venda. Sattamini explicou que a inscrição foi feita para que o eventual comprador da usina tenha a possibilidade de conseguir um projeto para vender a energia, caso queira. Para a Engie, frisou o executivo, não faz sentido vender por mais 15 anos, a partir de 2024, via essa térmica, uma vez que a companhia está saindo do carvão.”
[A Engie]Só participa [do leilão] se houver acordo com alguém [para venda da usina] nessas condições”, disse Sattamini.
Caso não consigam um comprador, o executivo afirmou que a Engie Brasil Energia “continuará operando lucrativamente [a usina] e vamos procurar um comprador.”
Fonte: Valor Online
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