O governo argentino anunciou no domingo (14) que o país voltou a exportar gás natural para o Brasil. Segundo comunicado, a usina termelétrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que estava fechada desde 2015, voltou a operar no último sábado (13), permitindo a exportação.
A usina era operada pela AES Brasil, mas foi comprada pela Saesa Solución Energética em setembro de 2020. A estrutura é ligada à Argentina por um gasoduto de 437 quilômetros e pode fornecer até 2,4 milhões de metros cúbicos de gás para o Brasil, quando o insumo não for necessário à própria Argentina.
Para o secretário de Energia, Darío Martínez, a retomada é “um passo em frente, fundamentalmente porque permite gerar divisas para a Argentina, mas também abre uma oportunidade para fortalecer o comércio internacional, os laços de integração energética e melhorar a balança comercial”.
De acordo com o governo argentino, cada dia de operação da usina pode resultar no ingresso de US$ 500 mil para o país vizinho. A exportação, no entanto, é provisória. A Argentina aguarda espera que o processo seja consolidado depois do inverno, quando o “Plano de Gás” garantirá a autossuficiência do país no uso do gás. Aí, então, o país espera realizar exportação firme (ininterrupta) para Brasil, Chile e Uruguai.
Brasil reinjeta produção própria
Enquanto importa gás natural, o Brasil opta por reinjetar quase metade da produção nacional. Essa escolha se justifica sob 2 aspectos: 1) o técnico, porque parte do gás é usado para aumentar a pressão do reservatório para elevar o petróleo; e 2) o comercial, pois a falta de infraestrutura de escoamento para o mercado interno junto aos baixos preços no mercado internacional fazem com que a importação de GNL (gás natural liquefeito) seja mais viável economicamente.
O envio do gás é, normalmente, feito por gasodutos das unidades produtoras até as UPGNs e, daí para o mercado. O Brasil tem hoje 9.400 km de gasodutos. A Argentina, EUA e Europa têm, respectivamente, 16.000 km, 497 mil km e 200 mil km de dutos.
Governo aposta na Lei do Gás
Para incentivar o mercado nacional e baratear o gás, o governo Bolsonaro aposta no projeto de lei 4.476 de 2020, que muda as regras para o mercado de gás natural no país.
A proposta facilita a participação da iniciativa privada neste mercado por meio de mudanças na forma de contratação, obrigando o compartilhamento de estruturas existentes com terceiros mediante pagamento, autorizando grandes consumidores a construírem seus próprios dutos e dificultando a atuação dos mesmos agentes em diferentes etapas do processo de produção.
Parte do setor, porém, afirma que, sem incentivo por meio da demanda, os altos preços para implantação dos gasodutos e o mercado internacional impedirão que o efeito esperado pelo governo (R$ 630 bilhões em investimentos, geração de 4,3 milhões de empregos e barateamento do gás) sejam efetivados por meio desta legislação.
O texto foi aprovado em 1º de setembro na Câmara, mas, como sofreu alterações durante a tramitação no Senado, aguarda nova análise dos deputados. A proposta está na lista de 35 medidas prioritárias para o governo federal encaminhada aos novos presidentes das duas Casas Legislativas.
Fonte: Poder 360
Related Posts
O que ainda falta para o gás argentino chegar?
O fim do verão se aproxima e a janela de oportunidade para importação de excedentes de gás argentino durante a temporada ainda não se confirmou. É bem verdade que o mercado está ativo: ao menos seis...
A aposta de Milei no xisto: Argentina tem 4ª maior reserva do mundo
Em um deserto empoeirado no noroeste da Patagônia, uma enorme plataforma está perfurando. Após mergulhar 3 km no subsolo, a broca gira e percorre horizontalmente a mesma distância novamente. Em Neuquén, a...