A alta dos preços da gasolina que acontecerá nas bombas nos próximos dias, vai também encarecer os preços do etanol hidratado. Porém, alguns analistas acreditam que o biocombustível deve manter ou até ganhar um pouco mais de competitividade e, assim, fornecer alternativa também mais econômica aos consumidores por algum tempo. “A tendência é de a competitividade do etanol aumentar” afirmou Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro. Ele acredita ser possível que o etanol chegue nas bombas do Estado de São Paulo a valer 68% do preço da gasolina daqui 15 a 30 dias – contra uma correlação de 69,5% atualmente.
Diretor da SCA Trading, de etanol, Martinho Ono acredita que a correlação de preços deve continuar favorável ao renovável. Ele lembra que os preços do etanol tiveram que recuar nas últimas semanas para recuperar parte do consumo perdido no início do ano, quando as vendas caíram mais de 40%. “Estávamos em recuperação de clientes na bomba, não podemos perder isso”, defende. Ono avalia que os estoques de etanol são volumosos e suficientes para dar conta ainda de um aumento das vendas, que ainda estão abaixo dos níveis de um ano atrás. “O etanol que temos disponível e que vamos precisar dá para [um consumo de] 1,4 bilhão a 1,5 bilhão de litros por mês. Ainda não alcançamos isso”, afirmou. Em janeiro, as vendas ficaram em 1 bilhão de litros e, em fevereiro, devem ter alcançado 1,1 bilhão de litros, estima Ono.
Já Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, avalia que não há mais espaço para o biocombustível ganhar competitividade ante a gasolina e aposta que os preços do etanol vão acompanhar a alta do combustível fóssil nas bombas. Ele estima uma elevação de cerca de R$ 0,15 no litro do biocombustível e de R$ 0,25 no litro da gasolina. O nível de repasse, porém, também dependerá da avaliação que as distribuidoras e postos fizerem do impacto no consumo. Em janeiro, a alta dos preços dos combustíveis acabou deprimindo a demanda, que retraiu 9%. A alta dos combustíveis deve também interferir na formação de preços do açúcar no mercado internacional.
Fonte: Valor Econômico