A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) mudou de opinião sobre a necessidade de usar o gás natural do pré-sal para baratear a produção de fertilizantes no Brasil. Em 2021, a Abiquim se declarou contra a contratação obrigatória de termelétricas movidas a gás natural, mas hoje defende o oposto.
Quando em 2021 estava tramitando a medida provisória 1.031/21, sobre a capitalização da Eletrobras, a Abiquim publicou nota contrária à “inclusão de dispositivos que determinam a contratação compulsória de 6.000 MW de térmicas a gás natural em locais predeterminados”. Para a entidade, seria “uma medida ineficiente” e que iria na “contramão das reformas em curso para os setores elétrico e de gás natural”.
Contudo, nesta quinta (17), a diretora de Economia e Estatística da associação, Fátima Giovanna Ferreira, afirmou que
“Eu diria que o que temos em mãos para diminuir a dependência do fertilizante importado, basicamente, seria o aproveitamento do gás do pré-sal para produzir amônia e ureia. Isso já diminuiria a dependência de 80% para 30%. No entanto, f falta infraestrutura de escoamento desse gás”.
A falta de infraestrutura a que se refere Fátima Giovanna Ferreira é o fato de o Brasil ter poucos gasodutos que levem o gás do pré-sal para o interior do país. É isso o que pretende a contratação obrigatória de termoelétricas movidas a gás em regiões pré-determinadas –as chamadas térmicas locacionais.
Com a demanda firme de térmicas que obrigatoriamente seriam movidas a gás do pré-sal, haveria viabilidade econômica para a construção de gasodutos. Como o gás é barato, a energia acessível estaria em Estados como Goiás, por exemplo, que tem uma das maiores jazidas de potássio do Brasil, mas não explora o minério por falta de energia abundante.
“No ano passado, importamos 40 milhões de m³ de gás por dia, principalmente para atender demanda de termelétricas. O preço da nossa energia foi às alturas, porque junto com esse aumento de importações de gás, houve um período de alta dos preços internacionais do gás natural. Enquanto isso, no nosso pré-sal, tivemos uma produção que seria suficiente para atender toda a demanda brasileira e ainda sobraria para exportação. A reinjeção de gás no ano passado no Brasil foi de 62 milhões de metros cúbicos por dia, maior do que a nossa importação. Então, precisamos resolver essa questão da infraestrutura de escoamento”, disse a diretora da Abiquim, Fátima Giovanna Ferreira.
Fonte: Poder 360