Segundo Abegás
O aumento dos preços dos combustíveis líquidos, como gasolina e diesel, levou a um crescimento de 19,2% na demanda por gás natural veicular (GNV) nos três primeiros meses de 2022 em relação a igual período no ano passado.
O consumo médio de GNV nos postos no primeiro trimestre do ano ficou em 6,4 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia), frente a 5,37 milhões de m3 /dia registrados entre janeiro e março de 2021. De acordo com o diretor de estratégia e mercado da Abegás, Marcelo Mendonça, é possível que a demanda por GNV ultrapasse a marca de 7 milhões de m3/dia este ano.
“O importante é o preço relativo. Mesmo com o aumento que o gás natural teve ao longo de 2021, ele segue competitivo em relação ao diesel e a gasolina. O mercado continua aquecido, mas tudo vai depender da precificação dos combustíveis. É importante que se observe a paridade dos combustíveis líquidos em relação aos preços internacionais, para que não se crie distorções na precificação do GNV”, aponta Mendonça.
O preço dos combustíveis vem subindo desde o começo do ano no mercado internacional, resultado da recuperação da demanda depois das restrições adotadas nos períodos mais severos da pandemia. A partir de fevereiro, a guerra da Ucrânia também passou a contribuir para o aumento nas cotações.
O crescimento do consumo do gás para transporte no primeiro trimestre no Brasil ajudou a reduzir a queda na demanda total por gás natural no período. Ao todo, o país consumiu 60,2 milhões de m3 /dia nos três primeiros meses do ano, diminuição de 14,3% na comparação anual.
A redução refletiu principalmente o menor uso do gás para geração de energia termelétrica, devido à recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas. No ano passado, o Brasil viveu a pior seca em 91 anos, o que levou à necessidade de despacho de térmicas. Se excluído o mercado de geração térmica, a demanda por gás no país no primeiro trimestre deste ano teve um aumento de 6,9%.
Segundo Mendonça, outro fator que contribuiu para a demanda foi a recuperação da indústria depois da retração registrada no auge da pandemia. O consumo industrial de gás no primeiro trimestre foi de 30,1 milhão de m3 /dia, 6,1% maior do que a média dos três primeiros meses de 2021.
Atualmente, o Brasil tem 4 milhões de unidades consumidoras de gás natural, entre indústrias, comércio e residências conectadas a uma rede de distribuição de mais de 40 mil quilômetros. Para Mendonça, o país poderia ter mais consumidores de gás, se um maior volume produzido nacionalmente fosse viabilizado para o consumo.
Hoje, parte da produção de gás nos campos marítimos brasileiros é reinjetada nos próprios reservatórios. Com isso, uma parcela do volume consumido no país precisa ser importada. “A guerra na Ucrânia mostrou que o Brasil poderia estar numa situação muito melhor agora. Hoje, somos importadores de gás, e isso acaba impactando o mercado.”
O diretor da Abegás defende que o Brasil adote políticas públicas que incentivem novas infraestruturas em transporte e escoamento, por exemplo, de modo a viabilizar a oferta de gás nacional ao mercado. “Isso pode propiciar maior competitividade na molécula nacional e menor exposição à situação internacional”, diz.
Fonte: Valor Econômico
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