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Com nova gestora, fundo do biogás mira girar até R$ 1 bi

O Fundo Garantidor de Crédito do Biogás, criado pela Abiogás como sua principal aposta para impulsionar investimentos no segmento, está mais perto de se tornar realidade. No mês passado, a entidade escolheu a FG/A Gestora de Recursos, de Ribeirão Preto (SP), como gestora do fundo, após um processo de chamada pública. A expectativa da Abiogás é que o fundo possa destravar boa parte dos R$ 1 bilhão de aportes mapeados em biogás até o momento.

O fundo deve chegar ao mercado com um objetivo inicial de captar R$ 300 milhões, mas os envolvidos vêm potencial para montantes maiores em etapas posteriores. Os próximos passos envolvem a modelagem econômica e jurídica, para só então o fundo ser lançado. Já há, porém, uma fila de projetos de investimento esperando apoio, garante a Abiogás.

Gabriel Kropsch, vice-presidente da associação, lembra que, diferentemente dos investimentos em cogeração de energia, que tiveram um impulso há cerca de duas décadas por causa dos leilões da Aneel – que oferecem garantia firme de compra de longo prazo -, os aportes em biogás não contam com o mesmo benefício. Daí veio a ideia do fundo garantidor para operar no mercado de capitais, oferecendo aos bancos financiadores garantias aos empréstimos na área, fechando o “gap” que hoje inviabiliza financiamentos para a tecnologia.

Como o fundo deverá entrar como colateral dos empréstimos, é importante que haja liquidez dos recursos caso tenham que ser utilizados para algum pagamento de garantia. Para Kropsch, a proposta da FG/A conciliou a necessidade de garantir competitividade para o fundo, com custo acessível e condições adequadas às empresas que vão apostar no biogás, e de oferecer retorno para investidores, com uma equipe dedicada ao projeto.

Pela estrutura desenhada pela FG/A Gestora, o fundo apostará em ativos de “baixíssimo risco”, atreladas ao CDI, e concederá seu balanço como colateral enquanto cobra dos empreendedores do biogás uma taxa, tal como uma fiança bancária.

O fundo deverá ser estruturado no modelo de blended finance – ou seja, parte com capital concessional, que assume mais riscos, e outra com investidores comerciais, explica Lucas Burin, sócio do grupo FG/A. No momento, a gestora está buscando cartas de intenção de investidores que possam se encaixar no primeiro perfil.

Na mira, estão órgãos multilaterais e bancos de fomento. A principal aposta é o BNDES, que já tem à disposição uma linha de financiamento adequada ao biogás, que é o Fundo Clima. O plano da gestora é conseguir tais cartas de intenção de investidores concessionais para depois atrair os comerciais.

Já há uma lista garantida de projetos de investimentos mapeados pela Abiogás, que será a entidade responsável pela seleção de quem será beneficiado com as garantias. “Vamos selecionar os projetos mais competitivos para receber apoio”, diz o vice-presidente da associação.

Segundo Kropsch, as empresas de médio porte são as que mais devem ser apoiadas, uma vez que elas têm hoje, ao mesmo tempo, maior capacidade de ampliação de capacidade instalada de produção de biogás e maior dificuldade em oferecer garantias para aportes como esses.

“Os projetos muito grandes são de grandes corporações, que já têm respaldo. No caso dos muito pequenos, normalmente são os próprios produtores rurais que têm acesso a linhas exclusivas e especificas. Quem fica no meio é o de médio porte”, disse.

O Brasil já tem mais de 800 plantas de produção de biogás, mas a ampla maioria é de pequeno porte, sendo que mais da metade foi construída apenas para dar uma destinação a resíduos produtivos – como reduzir o volume de matéria orgânica de agroindústrias antes de realizar o descarte -, e não para utilizar o biogás para fins comerciais.

Da metade que utiliza o biogás comercialmente de alguma forma, o uso predominante é de geração de energia. Já o biometano, que é resultado da purificação do biogás e pode substituir igualmente o gás natural de origem fóssil, é produzido em 15 plantas atualmente. Quatro delas comercializam o produto no mercado, enquanto as demais utilizam a fonte renovável em suas próprias operações.

 

Fonte: Valor Econômico

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