As câmaras de Energia e de Infraestrutura e Logística do Fórum da Alerj de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro realizaram reunião para discutir os avanços na implementação da chamada Rota 4B, um gasoduto que pode trazer o gás natural extraído da Bacia de Santos para a costa fluminense. No encontro, especialistas debateram os atrativos do Rio frente ao estado de São Paulo, que pleiteia um gasoduto ligando a mesma bacia até a costa paulista, chamado de Rota 4A. As razões que fazem o Rio de Janeiro e a Baixada serem o lugar ideal para o escoamento da produção foram apresentadas durante a reunião. Diretor-geral da Alerj e ex-secretário estadual de Energia, Wagner Victer enumerou na sua exposição 16 pontos positivos da Baixada Fluminense, tais como a localização frontal às reservas do pré-sal na Bacia de Santos; o sistema de recursos hídricos da região; a mão de obra abundante do local; os diversos centros de qualificação próximos, como a Universidade Rural do Estado (UFRRJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e as escolas técnicas Faetec, Cefet e IFRJ, e a ampla oferta de terrenos planos a baixo custo.
“O que não falta [na Baixada] é terreno plano para a concepção [de uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN)] e as termelétricas também não precisam ficar contíguas a algum UPGN, porque tudo vai ficar conectado através de dutos. São Paulo, ao contrário, tem essa limitação porque, quando o gás chega, praticamente não há muito terreno e tem que subir a serra para ter aproveitamento da região mais industrial. Essa talvez seja uma grande vantagem do Rio”, pontuou Victer. A instalação desses empreendimentos na Baixada, em especial no entorno do Arco Metropolitano, vai impedir o surgimento de construções irregulares. O uso do Fundo Soberano, criado pela Emenda Constitucional 86/21 para custear investimentos estruturantes, é um dos instrumentos para desenvolver esses projetos e garantir a competitividade do estado. “O arco, ao meu ver, cabe pelo menos cinco a oito condomínios industriais da ordem de um milhão de metros quadrados cada um. Mas você precisa de um diferencial, tem que ter acesso, por isso o Fundo Soberano. Não tem projeto estruturante melhor do que aplicar ele para logística, gasoduto e acessibilidade de portos porque isso vai aumentar a nossa competitividade”, explicou.
Geração de empregos
A Rota 4B é um gasoduto de mais de 300 quilômetros de extensão ligando a Bacia de Santos ao Porto de Itaguaí, com capacidade de transportar 15 milhões de m³ de gás, e colocará o Rio de Janeiro no centro da maior iniciativa desenvolvida a partir do Novo Mercado de Gás, programa do governo federal para estimular o setor. Para o diretor da Assessoria Fiscal da Alerj, o economista Mauro Osório, a medida vai ser importante para criar postos de emprego na região.
“Hoje, o Sudeste tem 22 empregos privados com carteira assinada para cada 100 habitantes, a Baixada tem nove. É preciso levar estrutura produtiva para lá e esse é um dos projetos para isso”, comentou.
Possíveis entraves
A atração de indústrias para o futuro HUB da Baixada ainda encontra entraves, como pontuou o assessor da presidência da Fecomércio RJ e ex-secretário de Transportes, Delmo Pinho. Entre eles, problemas estruturais como a segurança pública, a alta burocracia e a redução do PIB do estado. “Temos impostos altos, burocracia enorme, segurança pública bárbara, muito problemática, um problema de 40 anos. Continuamos com o mesmo problema em uma escala maior. Tenho escutado muitos industriais questionando qual é a vantagem de vir para o Rio. Perdemos as indústrias farmoquímicas, uma série de indústrias, nosso parque de veículos é o 4º do Brasil. Quem vai consumir essa energia?”, ponderou Pinho.
Victer defendeu, ainda, que o desenvolvimento industrial da região vai incentivar a melhora dos índices de Segurança Pública. A Baixada Fluminense, segundo explicou, pode funcionar como um cinturão de proteção industrial e tem potencial atrativo por sua proximidade com ferrovias, rodovias nacionais e portos para escoação da produção para o Brasil e para o exterior.
“A energia gerada com tratamento, você coloca na rede de transmissão, então quando você instala uma termelétrica aqui, a energia estará no sistema interligado Sudeste-Centro-Oeste. Você não gera energia de grande porte a partir do gás natural para o uso local. Foi assim que nós implementamos todas as termelétricas no passado, nós criamos um incentivo e fizemos aqui”, acrescentou Victer.
No encontro, os participantes da reunião acordaram em produzir um documento indicando a autoridades públicas a importância de investir na geração de energia no estado do Rio de Janeiro. “A gente já tem bons dados para uma base de partida e poderíamos preparar uma minuta e circular esse material para que as outras instituições [que compõem o Fórum de Desenvolvimento] assinem”, comentou a diretora-geral do Fórum, Geiza Rocha. “A gente vai mostrar que o Rio tem um plano em relação a esse tema”, completou.
Fonte: Diário do Vale
Related Posts
Expansão da rede e construção de gasoduto de 52 km são as grandes metas da Compagas para 2025
A distribuidora paranaense de gás natural Compagas vive um novo momento de sua história. No final do ano passado, como é de conhecimento do mercado, a empresa passou a ter uma gestão 100% privada – após a...
Gasoduto de R$ 38 milhões ligará Mossoró e Areia Branca no RN
As cidades de Mossoró e Areia Branca, referências da indústria salineira no Rio Grande do Norte, serão interligadas por um gasoduto que transportará gás natural para todos os municípios situados às margens...