Um projeto da Geo Biogás & Tech recebeu apoio da Finep para testar uma nova forma de produção de bioquerosene de aviação (SAF, na sigla em inglês). A empresa construirá uma planta-piloto de produção do combustível renovável a partir do biogás, rota ainda não explorada comercialmente no mundo.
A companhia aposta que o biogás deverá ser a fonte mais competitiva de produção de SAF na corrida global pela descarbonização do transporte de aviação. O CORSIA, programa da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) de redução de emissões, prevê que as empresas aéreas deverão reduzir as emissões de carbono em 15% a partir de 2024. E a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) estima que 65% da mitigação virá do uso de SAF.
A maior parte das plantas que estão em operação e construção para produzir SAF ao redor do mundo utilizam como matéria-prima resíduos orgânicos e óleos vegetais, como de palma e de soja, e algumas iniciativas devem começar agora a utilizar etanol. A produção de SAF a partir de biogás seria pioneira.
Segundo Alessandro Gardemann, CEO da Geo Biogás & Tech, o metano, que pode ser produzido a partir de biomassa da agropecuária, custa atualmente entre US$ 12 e US$ 15 o BTU, enquanto o etanol custa o equivalente a US$ 20 o BTU. A planta-piloto da companhia deverá testar a viabilidade financeira de um projeto de SAF a partir do biogás.
O executivo calcula que, se todo o potencial de biogás – a partir dos resíduos agroindustriais e urbanos – que existe atualmente no Brasil fosse direcionado para a fabricação do bioquerosene de aviação, o país poderia produzir 30 bilhões de litros do combustível renovável. O volume cobriria com folga toda a demanda nacional por querosene de aviação, que girava em torno de 7 bilhões de litros ao ano antes da pandemia, e ainda atenderia o mercado externo.
Para atingir as metas internacionais, a Iata estima que será preciso produzir 449 bilhões de litros de SAF ao ano, mas a execução ainda está muito atrasada. Segundo a entidade, os investimentos que estão em curso hoje no mundo devem levar a capacidade instalada global de 125 milhões de litros para 5 bilhões de litros anuais.
“Nossa rota é a cara do potencial do Brasil, a biomassa é específica do Brasil. O país tem a responsabilidade de liderar esse exemplo, que não tem lá fora”, defende Gardemann. Uma vez provada a viabilidade econômica do biogás no SAF, a companhia espera atrair investidores interessados em construir plantas em escala comercial.
A planta-piloto da GEO será erguida em Tamboara (PR) e terá capacidade para produzir 660 litros por dia. A construção demandará um investimento de R$ 15 milhões, a ser feito com recursos da Finep e da própria Geo. O projeto será executado em conjunto com a Universidade Estadual de Maringá (UEM). A planta deve começar a operar em 2024.
Fonte: Valor Econômico
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