O mercado brasileiro de gás natural avança, em 2023, para novas modalidades de contratação de curto prazo. Do lado da oferta, a Shell, maior produtora privada de gás do país, começa a testar novos produtos, de olho em consumidores livres.
Enquanto isso, do lado do transporte, Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e Transportadora Associada de Gás (TAG) também estreiam novos serviços, incluindo a novidade de contratação diária.
A abertura do mercado brasileiro ainda dá seus primeiros passos e carece de liquidez. Mas, inegavelmente, é hoje mais plural e dinâmico.
A entrada de novos agentes se traduz em novas opções de preços e contratos – ainda que eles continuem sendo, primordialmente, atrelados aos preços internacionais do petróleo.
E aos poucos, num ritmo mais lento que o esperado, é verdade, surgem indústrias abertas a assumir o risco da migração para o mercado livre, como a Unigel e Gerdau.
Shell quer carteira diversificada
A Shell se prepara para a chegada do gás novo do Rota 3, em 2024. Enquanto isso, o foco este ano é a gestão do atual portfólio.
Os contratos da empresa com as três maiores distribuidoras nordestinas (Bahiagás, Copergás e Cegás) preveem uma redução da ordem de 430 mil m3/dia nos volumes contratados no mercado cativo em 2023.
A companhia precisa realocar esses volumes e mira tanto o mercado livre quanto o ambiente regulado. A estratégia da Shell é equilibrar o portfólio com contratos spot e de médio e longo prazos.
E, dentro da construção dessa carteira, começa a apostar em produtos de curto prazo (semanais e mensais).
O gerente de desenvolvimento de negócios da Shell Energy, João Negreiros, conta que os contratos de curto prazo surgem como mais uma opção dentro do portfólio da empresa.
E como alternativa, sobretudo, aos contratos PUT – modalidade de contrato flexível que dá ao produtor uma opção de venda a um determinado preço, mas geralmente com descontos. Em contrapartida, o cliente tem o dever de comprar.
“Estamos vendo o mercado de gás dar todo ano novos passos. Nossos contratos de curto prazo [de até 30 dias] são uma sofisticação. Pode ser que uma sobreoferta de gás que, antes, acabávamos escoando por meio de contratos flexíveis [PUT], tenhamos mais benefícios se conseguirmos direcionar para essas operações de curto prazo”, disse à epbr.
Teste com a Gerdau
No fim do ano passado, a Shell fechou o seu terceiro contrato no mercado livre, com a Gerdau, válido para o mês de dezembro.
Foi a primeira investida da multinacional no mercado do Sudeste.
A Shell tem contratos com três usuários livres: Unigel, Gerdau e um terceiro cliente, mantido sob sigilo pela empresa. A epbr apurou que a petroleira tem acordo de suprimento com a Refinaria de Mataripe, na Bahia.
Negreiros conta que o contrato de curto prazo com a Gerdau foi um primeiro teste, para entender melhor as condições de operação com a NTS – até então, todos os contratos da empresa eram com clientes no Nordeste.
A petroleira assinou com a Gerdau, na modalidade interruptível, porque ainda aguarda uma definição mais clara do cronograma de oferta da capacidade disponível dos gasodutos da NTS para este ano.
A Shell fechou então, com a siderúrgica, um acordo do tipo MSA (do inglês Master Sale Agreement) – que define as condições gerais de um contrato, exceto as cláusulas comerciais de compra e venda.
Isso permitirá às partes serem mais ágeis em potenciais negociações futuras. Uma vez definidas as condições de contratação da capacidade disponível da NTS, a Shell pretende começar a explorar oportunidades na malha do Sudeste.
Novidades no transporte em 2023
A TAG começou, a partir de janeiro, a oferecer seus primeiros produtos de curto prazo, nas modalidades trimestral e mensal.
A transportadora destaca que o desenvolvimento da carteira deverá acontecer “de forma consistente e gradual” e que, nesse sentido, a empresa planeja, para o primeiro semestre de 2023, ofertar também contratos diários em base firme.
Produtos semanais também serão avaliados para eventual lançamento em 2023.
A NTS também tem novidades e começa a ofertar, a partir de março, produtos diários. Hoje, já oferece contratos mensais e trimestrais.
A contratação se dá no Portal de Oferta de Capacidade (POC). A plataforma permite aos clientes negociarem contratos com diferentes transportadoras, num só marketplace.
NTS e TAG se aproximam, assim, das condições da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que oferece produtos de curto prazo desde 2020.
Fonte: Epbr
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