Espera-se que o Brasil mais que dobre o fornecimento de gás natural offshore para o mercado doméstico nos próximos cinco anos. Se essa expansão se concretizar, garantirá o atendimento da demanda crescente, disse à BNamericas um representante da associação local de distribuição de gás Abegás.
Hoje, a produção offshore nacional gira em torno de 120 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia), mas apenas 32% desse total (“38 MMm³/d) chega aos setores industrial, comercial, residencial, veicular e termelétrico após a reinjeção (53% do total), o consumo em plataformas de produção (11,6%) e a queima (2,7%).
No entanto, très grandes projetos de gás planejados para entrar em operação até 2028 devem injetar mais 50 MMm³/d na rede de gás natural do país. O gasoduto Rota 3 da Petrobras começará a operar em 2024, trazendo 18 MMm³/d adicionais de gás dos campos do pré-sal para a costa. Três anos depois, a estatal planeja instalar dois FPSOs na bacia de Sergipe-Alagoas para produzir 9 MMm³/d de gás natural cada.
Já a partir de 2028, a Equinor começará a bombear 14 MMm³/d de gás para a rede do Brasil por meio do projeto BM-C-33, um empreendimento que envolve investimentos totais de US$ 9 bilhões. A aprovação final da decisão de investimento foi anunciada nesta segunda-feira (8) pela empresa norueguesa, em parceria com a Petrobras e a Repsol Sinopec Brasil.
Localizado no pré-sal da bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro, o bloco fica a cerca de 200 km da costa em lâmina d’água de até 2.900 m. Três acumulações de gás e óleo/condensado foram descobertas no BM-C-33: Pão de Açúcar, SEAT e Gávea, com expectativa de recuperação de mais de 1 Bboe.
O projeto se baseia na produção de poços ligados a um FPSO com capacidade para processar óleo/condensado e gás produzidos e separá-los para a venda. O gás natural será exportado para a costa por meio de um gasoduto submarino que se conectará à infraestrutura de recebimento localizada no Terminal de Cabiúnas (Tecab) e, posteriormente, à rede de transporte de gás.
“O BM-C-33 é um dos grandes projetos do país para fornecer novos volumes de gás. O gás entregue pode representar 15% da demanda total de gás brasileira no início da produção”, disse a CEO da Equinor no Brasil, Veronica Coelho, em uma declaração pública.
Para Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da Abegás, o aumento do volume de gás ofertado ao mercado será muito bem-vindo, já que a demanda está um pouco restrita no momento. Ele destacou o segmento de veículos pesados, que tem grande potencial para substituir o diesel por gás, ajudando o Brasil a atingir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, reduzir a importação de combustíveis. “Se considerarmos apenas o que o Brasil importa em diesel, são 30 MMm³/d de gás. Isso sem contar os veículos leves, que hoje consomem cerca de 7 MMm³/d, o que também pode crescer”, disse ele à BNamericas.
Outros exemplos de setores que vão demandar gás são a indústria química, principalmente para fertilizantes produção e geração termelétrica, cuja expansão é considerada importante para servir de backup para fontes de energia eólica e solar, que são intermitentes.
Mendonça destacou que o aumento da oferta está em linha com programas do governo federal, como o esquema Gás para empregar, aumentando a competitividade da indústria brasileira e criando novos empregos. “Nos primeiros anos, novos empregos serão gerados devido à mão de obra necessária para obras de infraestrutura”, disse Mendonça.
Fonte: BN Americas
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