A nova política de precificação de combustíveis fósseis e a redução do valor da gasolina anunciadas pela Petrobras terão, por ora, impacto limitado sobre os produtores de etanol. Ainda há muita incerteza sobre qual será de fato a fórmula para a definição dos preços da gasolina, mas a avaliação entre alguns usineiros e analistas é de que as indicações dadas não devem significam uma volta ao que ocorreu no governo Dilma, de total controle sobre os preços.
Dentro do pouco que explicado até o momento sobre a nova estratégia, vem chamando a atenção o anúncio de que a Petrobras adotará “preços alternativos” em cada refinaria, a depender do contexto de competição regional com derivados importados. Para alguns agentes, isso pode significar que a estatal reduzirá mais os preços da gasolina no Norte e Nordeste, onde há mais importação. São regiões, porém, onde o etanol hidratado, que compete com a gasolina nas bombas, já tem baixa competitividade e, consequentemente, um consumo mais fraco. Com isso, ainda que a pressão de uma gasolina barata seja maior nessas regiões, o impacto total sobre o setor é amenizado.
No Centro-Sul, a perspectiva é que o impacto seja menor porque a competição da Petrobras com importações é menor e o biocombustível é mais competitivo. O impacto efetivo, porém, ainda é desconhecido, já que o comunicado da estatal foi considerado “vago” e sem “nada concreto”, segundo comentários que circularam de analistas e usineiros. Além disso, as usinas sucroalcooleiras contam com um fator extremamente positivo nesta safra: os preços estratosféricos do açúcar, que já estão oferecendo uma remuneração tão melhor que o etanol que eventuais mudanças no valor do biocombustível são amenizadas pelo foco absoluto que as usinas estão colocando na produção do adoçante.
Por sua vez, as usinas de etanol de milho, que não têm a opcionalidade do açúcar, estão menos resguardadas. O que deve impactar de imediato o mercado de etanol é o anúncio de redução do preço da gasolina em R$ 0,40 o litro, o que automaticamente reduz o teto para o preço do etanol hidratado nas bombas e deve provocar reduções também nos preços do renovável para os consumidores.
Segundo um trader de etanol, as distribuidoras devem ter agora ainda mais cautela para comprar combustíveis, à espera de eventuais novos movimentos nos preços da gasolina, o que pode adicionar pressão sobre o mercado. Uma opção poderá ser o mercado de etanol anidro, já que a redução da gasolina tende a aumentar o consumo do fóssil em detrimento do renovável ao menos num primeiro momento, aumentando a demanda pelo aditivo.
Fonte: Valor Online
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