Parceria entre a Marquise Ambiental e a MDC estuda a viabilidade de uma planta de biometano em um aterro sanitário em Manaus, no Amazonas. As duas já operam, no Ceará, a GNR Fortaleza – primeira e única planta do produto renovável do Nordeste, que já corresponde a até 20% de todo o gás natural comercializado pela Cegás.
No centro do modelo de negócios está a descarbonização.
Em 2022, a GNR Fortaleza passou a comercializar certificados de rastreabilidade do combustível renovável para consumidores, chamados gas-REC, que permitem ao produtor vender separadamente a molécula de metano e o atributo ambiental.
Na prática, o gás-REC possibilita a comercialização do biometano em regiões onde o gás natural não chega sem cobrar pelo atributo ambiental, e vender o prêmio verde para quem está interessado nele – no caso, indústrias com metas de emissões líquidas zero.
A GNR também emite créditos de descarbonização do RenovaBio (CBIOs) e está inscrita no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da ONU para comercialização de créditos de carbono no mercado voluntário.
Localizada no aterro sanitário da Região Metropolitana de Fortaleza, a 15 quilômetros da capital, a planta evita o lançamento de 610 mil toneladas de CO2 equivalente em gases de efeito estufa na atmosfera por ano.
Além da demanda industrial, o biometano promete ser um bom investimento para o agro brasileiro que exporta para Europa. A partir de 2026, começa a valer o mecanismo de ajuste de carbono (CBAM, em inglês) da União Europeia, exigindo adequações dos exportadores a parâmetros de gestão de resíduos e uso de combustíveis.
“Quando um produtor rural faz um projeto de biodigestão dentro de um site de criação de suínos, por exemplo, além de realizar a própria gestão de resíduos de forma adequada, ele gera um biogás que pode ser usado para abastecer a frota eliminando o diesel”, diz Manuela Kayath, presidente da MDC.
“O ciclo de vida daquele produto está com a pegada de carbono mais baixa. É um mercado que tem essa possibilidade de ter uma produção descentralizada”, exemplifica.
Políticas para infraestrutura
Em entrevista à agência epbr, os executivos da MDC e da Marquise Ambiental comentam os planos de expansão e avaliam o momento político do biometano no Brasil.
Os sinais dados pelo governo Lula (PT) até agora têm sido promissores. O recém-lançado programa Gás para Empregar pretende ampliar a oferta e a infraestrutura de gás natural no Brasil, o que abre oportunidades para maior inserção do biometano na matriz energética. Segundo Kayath, investimentos em infraestrutura para escoamento devem facilitar a entrega do gás para indústrias no interior do país que ainda usam óleo combustível, como celulose a aço, e dar competitividade em relação a mercados como o dos EUA, por exemplo.
Outra política para dar mais opções de combustível vem dos Corredores Sustentáveis, que começou a ser discutida dois anos atrás, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Sob o chapéu do Ministério de Economia, na gestão passada, o projeto agora está com Indústria e Comércio (MDIC) e a agenda de reindustrialização verde de Geraldo Alckmin (PSB).
Fonte: Epbr