Nesta quarta (14), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, negou que haja gás sobrando no país e disse que será preciso um grande esforço para gerar competitividade para conseguir usar o insumo para a produção de fertilizantes, por exemplo.
O executivo também defendeu a retomada de investimentos para a exploração de gás com países vizinhos, como a Bolívia, e na Margem Equatorial.
Ele foi questionado por jornalistas ao chegar à primeira reunião do Conselho Nacional de Fertilizantes (Confert) sobre as recentes falas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a possibilidade de uso na indústria do gás atualmente reinjetado pela Petrobras no subsolo. Prates defendeu a política utilizada atualmente pela estatal.
“O gás é reinjetado porque é preciso. Não tem gás sobrando e a Petrobras não sonega gás. O que tem de gás está aí no mercado. O que a gente tem que fazer é saber o que vamos fazer com ele, se vai fazer fertilizante, se vai botar na térmica, se vai botar no carro, se vai botar na indústria. Não tem gás para tudo”, afirmou.
Segundo Prates, não existe divergência de posição com o ministro. “Não é divergência, é a realidade. O Brasil é um país petrolífero. Infelizmente, o gás é associado ao petróleo. Precisamos do gás para produzir o petróleo. Se alguém quiser produzir mais gás que petróleo, todo nós vamos perder dinheiro, não só a Petrobras, como o país”, acrescentou.
“Não é crime [reinjetar o gás], é necessidade técnica. A gente precisa reinjetar porque conduz o dióxido de carbono para baixo do subsolo, que a gente não pode emitir. Temos o maior programa do mundo de reinjeção de dióxido de carbono”, completou o presidente da Petrobras.
Segundo Prates, parte do gás reinjetado ajuda a empurrar o petróleo para fora. “Para tirar mais petróleo precisa de gás. Mas tem boa parte do gás que vem ao mercado, hoje cerca de 49% do que chega às plataformas. Você está usando o gás que você tem”.
O presidente da Petrobras defendeu a união de esforços para explorar “novas fronteiras” de gás e petróleo como forma de solucionar a questão.
“Precisamos juntar esforços para ir a novas fronteiras, retomar investimentos em países vizinhos, como a Bolívia que tem reserva. Não é questão política, é questão prática e voltamos as costas para isso. Temos condições de ajudá-los? Vamos lá ver”, destacou.
“Guiana, Suriname e a Margem Equatorial têm potencial de gás sempre associado com petróleo, a Argentina tem potencial”, citou.
De acordo com Prates, o Brasil tem 12 trilhões de pés cúbicos (TCFs) de gás de reserva. A Rússia, por outro lado, tem 1,3 mil TCFs. “Olha a diferença. Para chegar à competitividade para fertilizantes e tudo [mais] precisa fazer esforço muito grande e concertado entre consumo e produtor. Não adianta só acusar a Petrobras de sonegar gás, isso não é verdade”, concluiu.
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chamou de predatória a política de preços da Petrobras sobre o gás natural em relação à justiça social. Para ele, a estratégia de reinjeção do gás é puramente comercial
Fonte: Valor Online
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