O fornecimento de gás natural para auxiliar a retomada da atividade industrial no país é o novo foco de atrito entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da estatal, Jean Paul Prates.
Defensor da expansão da oferta por meio da redução da reinjeção de gás nos poços de extração de petróleo, o ministro classificou como “negligente” a postura da Petrobras em relação à política de gás natural do Brasil. Segundo ele, “há distorções inexplicáveis” na atuação da companhia, “inclusive do ponto de vista ético e moral”. Silveira reagiu a declarações feitas ontem por Jean Paul, de que não haveria gás sobrando no país. “O presidente da Petrobrás dizer que nada pode ser feito é, no mínimo, para quem tomou posse há cinco meses, negligência”, disse o ministro, em entrevista ao Valor. Segundo ele, a relação pessoal entre os dois é com, mas a institucional, tensa. “Entre o sorriso do Jean Paul e o interesse dos brasileiros, fico com o interesse dos brasileiros”, completou.
Na avaliação do ministro, o Brasil é um dos países que mais reinjeta gás nos poços de petróleo, com níveis superiores a 40%. Cálculos do ministério apontam que uma redução dessa operação ao patamar médio de outros países possibilitaria um corte importante no preço do gás, em algo em torno de 30%. “Ele não pode negligenciar e dizer que que nada pode ser feito”, disse Silveira sobre os argumentos do presidente da Petrobras. Em relação aos combustíveis, o ministro acredita que a reoneração feita pelo novo governo foi um ato corajoso, assim como a recente mudança na política de preços da Petrobras. Após uma primeira queda, os preços voltaram a subir, na esteira da retomada das alíquotas originais de ICMS pelos Estados. Para Silveira, a Petrobras e as demais empresas do setor devem queimar mais gordura para garantir valores mais baixos na bomba. “É hora dela contribuir no limite da sua governança”.
Fonte: Valor Online
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