A novela sobre a oferta de gás natural nos poços de extração de petróleo da Petrobras para a retomada da atividade industrial no país ganhou um novo capítulo: o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em entrevista exclusiva ao Valor que a empresa precisa apresentar um plano de como vai ampliar o volume de gás ao mercado e discutir com os brasileiros de forma transparente qual o volume do insumo que a companhia reinjeta hoje.
Defensor da expansão da oferta por meio da redução da reinjeção de gás nos poços de extração de petróleo, Silveira tem entrado em rota de colisão com a companhia por cobrar de maneira contundente maior oferta do insumo ao setor industrial. Em junho, ele já tinha classificado como “negligente” a postura da Petrobras em relação à política de gás natural do Brasil.
Segundo Silveira, a empresa tem o dever de ajudar os brasileiros a terem preços de derivados mais competitivos e também volume de gás natural para fornecer imediatamente o setor industrial. Segundo ele, essa proposta tem o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O presidente da república se manifestou publicamente e disse que é prioridade do país ter o gás natural e em preço competitivo para impulsionar o crescimento nacional, tanto da indústria quanto em especial da segurança alimentar do Brasil, ou seja, o gás para produzir amônia, uréia, que vai impulsionar a agricultura nacional. Portanto, vamos continuar a sensibilizar as petroleiras que exploram a costa brasileira, em especial a Petrobras, que deve ter a responsabilidade de ser a indutora do crescimento nacional”.
A discussão, no entanto, é mais técnica do que política. No Brasil, a maior parte do gás é retirado de poços de onde também se retira petróleo cru, e a reinjeção de gás tem como objetivo o aumento da produtividade desse petróleo. Soma-se que o país tem mais vocação petrolífera do que gasífera.
O ministro disse ainda que o gás é tratado pelas companhias como um subproduto, mas pode trazer uma transformação econômica e social ao Brasil. O papel da Petrobras, de acordo com o dirigente, vai além de rentabilizar os investidores nacionais e internacionais, e, neste ponto, a estatal precisa ser transparente para que o povo brasileiro possa acompanhar.
A Petrobras, por sua vez, tem dito que não há gás sobrando no país e parte do insumo reinjetado ajuda a empurrar o petróleo para fora e defende a união de esforços para explorar “novas fronteiras” de gás e petróleo como forma de solucionar a questão. A empresa prevê aumento da oferta de gás nacional, ancorada em uma série de novos projetos, como a Rota 3, que liga campos do pré-sal à estação de processamento de gás, o GasLub, em Itaboraí (RJ). O presidente da estatal, Jean Paul Prates, disse em 22 de junho que a estatal tem trabalhado para aumentar a produção de gás e que o ministério conhece a programação e “não precisa cobrar”.
“Primeiro, a Petrobras já pode fazer uma avaliação para tornar o preço do gás mais competitivo no Brasil, isso é uma medida que pode ser imediata. E segundo, ela tem que apresentar um plano público e objetivo de como vai ampliar o volume de gás dentro do Brasil. Ela tem que discutir com os brasileiros de forma transparente qual o volume de gás que ela reinjeta hoje, qual a média do mundo, quais as tecnologias possíveis para que as políticas públicas sejam respeitadas”, afirma.
Fonte: Valor Online
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