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Fitch Afirma Rating ‘AA+(bra)’ da Gasmig; Perspectiva Estável

A Fitch Ratings afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ da Gasmig e de suas emissões de debêntures quirografárias. A Perspectiva do rating corporativo é Estável. Os ratings da Gasmig refletem a sua forte geração operacional de caixa e a atuação no setor de distribuição de gás natural, cujo risco é considerado de baixo a moderado. A empresa se beneficia da exclusividade de atuação no Estado de Minas Gerais, com contrato de concessão de longo prazo, que garante o repasse de custos não administráveis. A análise incorpora a potencial volatilidade de demanda pela concentração de receita no segmento industrial e considera a expectativa de que a empresa conseguirá recontratar seu suprimento de gás nos próximos anos em condições favoráveis. A avaliação atual da Gasmig não sofre influência da sua controladora, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig, Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’/Perspectiva Estável), já que ambas possuem a mesma classificação em escala nacional. A Perspectiva Estável é sustentada pela expectativa de manutenção de uma alavancagem conservadora – com dívida líquida/EBITDA abaixo de 1,5 vez no horizonte do rating – mesmo com a aceleração nos investimentos e forte distribuição de dividendos nos próximos quatro anos. A companhia está sujeita ao risco político inerente à sua condição de controlada indireta pelo governo do estado de Minas Gerais, por meio da Cemig, o que implica exposição à influência na tomada de decisões, embora este não seja atualmente um fator de restrição da classificação.

Forte Perfil de Negócios: As atividades da Gasmig apresentam perspectivas positivas de crescimento a médio e longo prazos, impulsionadas pelo recente marco regulatório do setor e pelo plano de investimento da companhia. A expectativa de aumento da sua rede de distribuição e de manutenção da competitividade do gás natural frente a outras alternativas energéticas deve favorecer os negócios da Gasmig, deixando-a bem-posicionada para capturar demandas futuras. Este fator, combinado a um histórico de reajustes tarifários adequados e forte proteção das margens pelo repasse dos custos com a aquisição do gás, atua como importante proteção da geração de caixa da Gasmig.

A Gasmig deve manter sua elevada margem de EBITDA, ajustada segundo os critérios da Fitch, na faixa de 82% a 84% nos próximos três anos, acima da média de seus pares na indústria avaliados pela agência. A forte rentabilidade incorpora margem de contribuição média de BRL0,86/m³ em 2023 e BRL0,90/m3 em 2024, excluindo a margem e volumes direcionados para usinas térmicas. Para realizar a comparação adequada da rentabilidade das empresas do setor, a Fitch expurga da receita líquida, para o cálculo da margem de EBITDA, a parcela referente aos custos não administráveis com a aquisição de gás. As premissas da agência incluem reajustes da margem de contribuição em linha com a inflação estimada a partir de 2024, bem como o aumento da participação dos segmentos residencial e comercial. A análise não considera migração adicional de volume faturado no segmento industrial do mercado cativo para o mercado livre, devido ao êxito que a empresa apresenta na retenção dos clientes em sua base. Aos clientes já migrados, as projeções da Fitch incorporam margem de contribuição 10% menor. O EBITDA esperado é de BRL787 milhões em 2023 e de BRL878 milhões em 2024.

O fluxo de caixa das operações (CFFO) da Gasmig deverá continuar significativo, com BRL543 milhões em 2023 e BRL596 milhões na média anual do biênio seguinte. Pressionado pelo plano de expansão da rede de distribuição, o fluxo de caixa livre (FCF) deve ser negativo nos próximos cinco anos, com BRL357 milhões em 2023 e média de BRL232 milhões no biênio seguinte, com investimentos e dividendos médios anuais estimados em torno de BRL393 milhões e BRL458 milhões, respectivamente. O cenário-base considera volume total de gás faturado 1,2% menor em 2023, equivalente a 999 milhões m³, em virtude do menor despacho das usinas térmicas atendidas pela companhia, e de 1.175 milhões m³ em 2024, influenciado pela expectativa de retorno da demanda destas.

A alavancagem financeira líquida da Gasmig deve permanecer conservadora no horizonte do rating, apesar de crescente, em virtude da maior necessidade de dívidas para financiar o esperado FCF negativo. A forte geração de EBITDA deverá contribuir para manter a relação dívida líquida/EBITDA limitada a 1,5 vez, frente à média de 1,6 vez no período 2019 a 2022. O cenário-base considera um índice de 1,0 vez em 2023, frente a 0,5 vez em 2022, com aumento gradual nos anos seguintes, até atingir 1,5 vez em 2026.

A Gasmig apresenta concentração da geração operacional de caixa no segmento industrial, sobretudo em setores ligados à mineração e siderurgia, cujos desempenhos estão relacionados à economia, à exportação e aos preços de commodities. O segmento industrial representa aproximadamente 90% do volume de gás natural faturado pela Gasmig (cerca de 80% da receita), excluindo o fornecimento a usinas termelétricas, o que torna a distribuidora altamente dependente de seu desempenho. O risco de recontratação do suprimento de gás do contrato atual com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras, Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’/Perspectiva Estável), que vence em 2023, é administrável, embora a empresa tenha o desafio de equacionar suas necessidades a partir de 2024.

A carteira da Gasmig, por segmento de clientes, é menos diversificada do que a da Comgás (Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’/Perspectiva Estável) e semelhante à da  Bahiagás (Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’/Perspectiva Estável) e da Copergás (Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA(bra)’/Perspectiva Estável). A maior diversificação de clientes da empresa paulista mitiga parcialmente sua exposição à típica volatilidade de demanda dos clientes industriais e tende a melhorar a sua rentabilidade, dada a maior participação nos segmentos residencial e comercial, cujas margens de contribuição são superiores às de outros segmentos. A Gasmig deverá apresentar margem de EBITDA, em bases ajustadas, de 82% a 84%, em linha com a da Comgás e acima dos cerca de 50% estimados para a Bahiagás e de 70% para a Copergás. A estrutura financeira das quatro companhias é conservadora. O perfil da Comgás se beneficia de seu comprovado histórico de acesso ao mercado de dívidas, o que fortalece sua flexibilidade financeira, frente às fontes de captação pouco diversificadas da Gasmig e à reduzida emissão de dívidas pela Bahiagás e Copergás nos últimos quatro anos. O fortalecimento da capacidade de geração de caixa da Gasmig se compara favoravelmente à da Bahiagás e da Copergás. A composição societária de capital privado da Comgás a favorece, por dar mais agilidade à sua gestão e mitigar os riscos de ingerência política existentes nas outras três companhias. A presença de um sócio privado no acordo de acionistas da Bahiagás e da Copergás também as colocam em posição mais favorável que a da Gasmig. Na Copergás, no entanto, o ambiente regulatório em amadurecimento e a postergação do reajuste da margem de contribuição desfavorecem a classificação da companhia frente aos pares.

Fonte: Fitch Ratings / Comunicação

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