O mercado de distribuição de gás natural liquefeito (GNL) em pequena escala deve começar a ganhar tração a partir de 2024, com a entrada de novos projetos. Ao menos duas companhias — a GNLink e a GNL Brasil Logística (Eneva/Virtu GNL) — têm planos para começar a operar novas plantas de liquefação no próximo ano. E a lista pode aumentar. Empresas de diferentes tamanhos e perfis travam uma corrida para se posicionar nesse mercado ainda pouco explorado, mas promissor, dada a baixa capilaridade dos gasodutos no interior do país.A lista inclui gente grande, como a Compass, que espera começar a operar até o fim deste ano o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP) e vem trabalhando para colocar de pé um projeto de distribuição de GNL small scale a partir de seu novo terminal. Origem Energia, em Alagoas, bp, no Porto do Açu (RJ), e a Macaw Energies, da Golar LNG, são alguns outros agentes com projetos encaminhados.
A companhia, do grupo Lorinvest, aposta na replicabilidade de tecnologias modulares de liquefação para crescer e se posicionar bem — e rapidamente — no mercado. A empresa já mapeou oportunidades de 15 projetos no Brasil, que somam 4 milhões de m3/dia de capacidade em dez anos. Desse total, oito foram priorizados. A GNLink está construindo uma primeira unidade de liquefação, com capacidade para 88 mil m3/dia e prevista para o primeiro semestre de 2024; e está estruturando mais dois projetos do mesmo porte para o ano que vem. O ponto de partida é o Paraná: a companhia está instalando uma planta de liquefação no campo de Barra Bonita, da Tradener, e espera fechar um contrato com a Compagas, para abastecer um projeto estruturante da concessionária paranaense em Londrina com o gás onshore da Bacia do Paraná. No mesmo estado, trabalha em conjunto com a comercializadora Migratio para desenvolver mercado para o gás a ser importado pelo terminal de regaseificação que a Nimofast está estruturando no Paraná para 2025. Também possui acordo com a Migratio para liquefação de biometano; espera fechar contrato com produtor de gás onshore para um projeto de GNL small scale no Nordeste; e mira, para 2025, o desenvolvimento de rotas de cabotagem de GNL, a partir do apoio logístico da Norsul – também da Lorinvest. Veja aqui, com mais detalhes, os planos da GNLink para o Brasil.
Outro projeto avançado para 2024 é o da joint venture entre a Eneva e a Virtu GNL, para levar o gás do Parnaíba até duas das maiores indústrias do Maranhão: a Suzano, em Imperatriz, e a Usina de Pelotização da Vale em São Luís. As sócias na GNL Brasil se valem da experiência do projeto integrado Azulão-Jaguatirica. O gás produzido pela Eneva no campo de Azulão, no Amazonas, é transportado pela Virtu GNL até a termelétrica Jaguatirica II (117 MW), em Boa Vista (RR), via carretas de GNL. As duas companhias se uniram, então, numa sociedade para distribuir gás para outros clientes. Para suprir a Suzano e a Vale, no Maranhão, a GNL Brasil está colocando de pé um projeto de liquefação de 600 mil m3/dia. O projeto da GNL Brasil está 100% contratado e previsto para começar a operar no segundo trimestre de 2024. Nem tão small scale assim… O tamanho do empreendimento é maior do que a planta da GásLocal, em Paulínia (SP), de 440 mil m3/dia.
A GásLocal foi, aliás, a única distribuidora de GNL via carretas no mercado brasileiro até o início desta década – quando a New Fortress, que havia comprado os ativos da Golar Power (Hygo) no Brasil, começou a abastecer o projeto estruturante da Copergás em Petrolina, no sertão pernambucano. Agora, a empresa da White Martins pode ganhar um concorrente direto no estado de São Paulo: a Compass tem planos para um centro de distribuição de GNL no Porto de Santos, destinado ao recebimento de caminhões que serão carregados com gás liquefeito diretamente na estação de envase. Segundo fontes, a Compass pretende atuar na distribuição de GNL em pequena escala a partir do TRSP e tem trabalho a todo vapor na prospecção de clientes. Com um braço de distribuição de GNL, a empresa do grupo Cosan poderá, eventualmente, chegar com o gás importado pelo TRSP até áreas de concessão vizinhas à Comgás – o que lhe foi vetado fazer por meio do gasoduto Subida da Serra, no acordo proposto pela ANP para encerrar a disputa em torno da classificação do ativo como uma rede de distribuição. A proposta apresentada pela ANP não trata da possibilidade de distribuição de GNL via carretas. Procurada, a companhia preferiu não comentar sobre os planos.
A exemplo da Compass, a bp também tem planos de otimizar a ocupação de um terminal de GNL – no caso a planta de regaseificação da GNA, no Porto do Açu (RJ) – com escoamento do gás importado via carretas. A petroleira britânica fechou um acordo de cooperação com a KN (AB Klaipedos nafta), empresa da Lituânia que opera o terminal de GNL do Açu, para desenvolvimento de uma estação de carregamento de caminhões para distribuição de GNL a partir do Açu. O foco do projeto, batizado de Açu trucked LNG, é a infraestrutura – e não a distribuição em si, até o consumidor final. A previsão é tomar a decisão final de investimento ainda este ano. É uma forma de otimizar a operação do terminal, construído para abastecer as duas térmicas da GNA no Açu, mas que opera com capacidade ociosa. Outra gringa, a Macaw Energies, da Golar LNG, aposta em pequenas plantas de liquefação e quer se posicionar como prestadora de serviços de GNL small scale para produtores onshore e de biometano. Na América do Sul, o plano da companhia é instalar entre 15 e 30 unidades no Brasil, Colômbia, Equador e Peru até 2025. Já a Origem Energia iniciou os trâmites na ANP para formalização de sua distribuidora de GNL: a Alpha LNG, que tem autorização da agência para construir uma central de distribuição de 30 mil m3/dia em Alagoas.
Fonte: Epbr
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