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Petrobras faz acordo para gás com Coppe

A Petrobras firmou parceria com a Coppe/UFRJ para desenvolver tecnologia que pode aumentar a oferta de gás natural pela petroleira. A solução é uma membrana que separa o gás carbônico do gás natural nas plataformas do pré-sal, um ambiente que tem maior pressão e exige ferramentas mais elaboradas. A estatal já utiliza a membrana, mas depende de poucos fornecedores internacionais para importar a tecnologia. Para baratear e controlar o processo mais de perto, a companhia assinou a parceria de desenvolvimento com o centro de pesquisas da UFRJ.

A petroleira financia a tecnologia, mas não divulgou quanto investiu no desenvolvimento. O professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), Cristiano Borges, diz que além do melhor aproveitamento do gás natural, a tecnologia pode colaborar na descarbonização da exploração de petróleo offshore: “Uma forma de diminuir a emissão de gás carbônico é retirá-lo do gás natural e reinjetá-lo no reservatório. Caso não seja possível retirar o gás carbônico e especificar o gás natural para envio ao continente ou ele é queimado, emitindo carbono, ou é reinjetado integralmente, gastando mais energia para a compressão, obtida da combustão do próprio gás natural”, afirmou.

A tecnologia deve estar pronta em até seis anos, diz a estatal. Após testes em laboratório, a membrana está sendo testada em plantas industriais pela Coppe e o Cenpes, o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras. Na fase atual do desenvolvimento, a peça está sendo preparada para construção de um módulo protótipo a ser testado em ambiente industrial. A previsão de conclusão do teste é 2025. Após essa etapa, começa a fase de licenciamento comercial da tecnologia. O desenvolvimento surge em um momento oportuno para a Petrobras, que tem buscado formas de aumentar a oferta de gás natural no Brasil após cobranças sucessivas por parte do ministro de minas e energia, Alexandre Silveira. O chefe da pasta tem dito que a Petrobras deveria reduzir a reinjeção de gás nos campos de petróleo para aumentar a oferta. A estatal defende que a reinjeção de gás é necessária para manter a produção dos campos e para reduzir a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Para Silveira, a estatal tem sido negligente com a política de gás. Em resposta, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, diz que o Ministério de Minas e Energia conhece o programa de gás da companhia, que tem trabalhado em projetos que entram em produção nos próximos anos e vão elevar a oferta do produto.

A membrana que a Petrobras e Coppe estão desenvolvendo é pensada para uso no pré-sal por funcionar melhor em ambientes de alta pressão. Borges, da Coppe, diz que quanto maior for a pressão com a qual a membrana conseguir operar, melhor. “Durante a extração do gás em reservatórios a 5 mil metros de profundidade, à medida em que o gás é transportado à superfície, sofre uma despressurização. Atualmente, a pressão limita a operação com membranas, pois em pressões muito elevadas e com concentrações altas de gás carbônico há um efeito de plastificação do polímero que forma a membrana, que perde resistência mecânica e a eficiência da separação”.

Fonte: Valor Econômico

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