Em artigo publicado no portal Poder 360, a advogada Renata Isner afirma que,
Em meio às últimas notícias sobre a exploração de petróleo e a promessa de uma era dourada alimentada pelo gás natural, um protagonista silencioso tem passado quase despercebido: o biometano. Como nação, ao olharmos para o futuro energético e econômico, não podemos nos dar ao luxo de negligenciar essa fonte de energia renovável e os benefícios tangíveis que ela oferece. O programa Gás para Empregar foi lançado com metas ambiciosas, centradas principalmente na oferta de gás natural do pré-sal, que sem dúvida representa uma contribuição valiosa para a nossa economia. Por outro lado, o gás natural produzido e reinjetado aumenta a produtividade dos campos do pré-sal e, ao nos concentrarmos exclusivamente nele, estamos perdendo uma oportunidade significativa de diversificar e enriquecer nossa matriz energética. O biometano não é só uma alternativa sustentável, mas também uma fonte de energia prática. Tecnicamente equivalente ao gás natural, ele se integra à infraestrutura existente sem necessidade de se reinventar a roda ou de investimentos maciço.
O biometano não é só uma alternativa sustentável, mas também uma fonte de energia prática. Tecnicamente equivalente ao gás natural, ele se integra à infraestrutura existente sem necessidade de se reinventar a roda ou de investimentos maciços. Além disso, os resíduos produzidos atualmente, se convertidos em biometano, podem produzir mais de 120 milhões de m³/dia –praticamente o dobro do consumo atual de gás natural no Brasil e muito superior ao que pode ser escoado do pré-sal. Há também a questão da logística. Enquanto os vastos reservatórios do pré-sal exigem operações complexas em águas ultraprofundas e com custos astronômicos associados, o biometano oferece uma simplicidade encantadora. Produzido em terra e frequentemente próximo a centros de demanda, seu escoamento é menos complicado e oneroso. Ponto relevante é que o biometano pode ser a chave para a independência e autossuficiência energética do Brasil, pois é um substituto renovável de combustíveis que hoje precisam ser importados, como o gás natural, o diesel e o GLP. Ao reduzir a dependência externa, o país se torna mais resiliente em relação a oscilações de mercado e crises energéticas. A economia também está em jogo. O biometano tem o potencial teórico de 975.000 empregos, quase 3 vezes a estimativa do CNPE para o programa Gás para Empregar. Em breve parêntese, este, inclusive, foi um dos pontos altos debatidos pelas principais autoridades e players do segmento na 10ª edição do Fórum do Biogás. Estamos falando de um recurso que pode transformar comunidades, descentralizar a riqueza e energizar a economia de maneira sustentável.
Mas, acima de tudo, é uma questão de visão: o Brasil tem a chance de ser líder global em energia renovável, posicionando-se na vanguarda da transição energética. O biometano não é só uma alternativa; é uma solução. Ele reafirma o compromisso nacional com a sustentabilidade e promove uma economia circular eficiente, em que resíduos são transformados em valiosos recursos energéticos. No setor de transportes pesados, o biometano tem o poder de revolucionar: a substituição de caminhões a diesel por aqueles movidos a biometano pode resultar em uma redução de 90% nas emissões. No setor agropecuário, o biometano se destaca tanto como fonte de energia quanto como insumo crucial na produção de biofertilizantes. Seu potencial produtivo pode atender até 30 vezes a demanda brasileira de ureia agrícola, pavimentando o caminho para uma agricultura mais verde e autossuficiente. Em resumo, ao abraçar o biometano, o programa Gás para Empregar estaria diversificando sua estratégia e, principalmente, investindo em um futuro mais verde, resiliente e próspero para o Brasil. Ignorar o biometano é perder uma oportunidade de ouro. É hora de dar a essa fonte renovável o reconhecimento e a prioridade que ela merece.
Fonte: Poder 360 – Renata Isner
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