Av. Ataulfo de Paiva, 245 - 6º andar - Salas 601 a 605 – Leblon/RJ – CEP: 22440-032
+55 21 3995-4325

PetroReconcavo põe o pé no processamento de gás; o novo desenho do midstream

A PetroReconcavo se prepara para iniciar até o fim do ano as operações de sua nova Unidade de Tratamento de Gás (UTG) de São Roque, na Bahia.

A companhia tem, hoje, todo o seu gás natural processado em plantas de terceiros (da Petrobras na BA e da 3R Petroleum no RN) e começa, agora, a montar sua infraestrutura própria.

A petroleira independente já estuda novos investimentos em processamento, tanto na Bahia quanto no Rio Grande do Norte, ao mesmo tempo em que manifesta interesse em fechar parcerias com os donos das infraestruturas existentes.

É mais um episódio da reacomodação dos agentes do setor, em meio à abertura do mercado.

A dinâmica da infraestrutura de processamento do gás onshore do Nordeste está em transformação este ano: a 3R Petroleum se tornou, com a conclusão da compra do Polo Potiguar, da Petrobras, a mais nova operadora privada da UPGN de Guamaré; a estatal, por sua vez, desistiu da venda do Polo Bahia Terra, embora diga estar aberta a parcerias; a Origem Energia planeja a expansão da UPGN de Pilar (AL); e a PetroReconcavo busca se posicionar no tabuleiro.

Investida

A empresa prevê iniciar até o fim do ano as operações da UTG São Roque. É uma unidade do tipo de adequação de ponto de orvalho (espécie de unidade de tratamento simplificada), para processamento do gás dos campos Mata de São João, Remanso, Jacuípe e Riacho de São Pedro, na Bahia.

A capacidade é de 400 mil m³/dia. A UTG permitirá à empresa entregar gás especificado diretamente na malha da Bahiagás, sem passar pela rede da TAG. Com o novo ativo, a PetroReconcavo reduz sua exposição à contratação da UTG de Catu, da Petrobras – e, por consequência, aos custos de processamento associados e eventuais restrições operacionais.

A petroleira independente chegou a apresentar uma proposta, em parceria com a Eneva, para comprar o Polo Bahia Terra – que abriga campos terrestres e a infraestrutura de processamento de Catu – mas a Petrobras, sob a gestão de Jean Paul Prates, desistiu do negócio. Agora com infraestrutura própria, a PetroReconcavo aposta em ganhos de margem. E com bypass no sistema de transporte – ou seja, ligação direta entre uma fonte de suprimento (a UTG) e a rede de distribuição da Bahiagás. “Isso faz com que não exista o custo de transporte – que acreditamos que é bastante substancial no preço do gás natural (…) Isso faz com que o preço no final fique melhor e consigamos também uma margem melhor”, afirmou o diretor de Comercialização e Novos Negócios da PetroReconcavo, João Vitor Moreira.

E vem mais?

O CEO da companhia, Marcelo Magalhães, afirmou que a PetroReconcavo também está avançada na estruturação de um projeto de uma UPGN complementar na Bahia – uma unidade mais completa, com capacidade de processar os condensados e produzir GLP. A petroleira também cogita investir em processamento no Rio Grande do Norte. O pano de fundo, nesse caso, é a negociação das condições de acesso à infraestrutura existente de Guamaré. Ao comprar o ativo, a 3R Petroleum herdou o contrato entre PetroReconcavo e Petrobras para processamento.

A PetroReconcavo quer reduzir os custos envolvidos no contrato – que vence em meados de 2024. A empresa tem interesse em entrar como sócia da 3R na operação do ativo, mas, caso a negociação não avance, cogita investir em infraestrutura própria. A PetroReconcavo acredita, com base no modelo de negócio da UTG São Roque, que construir infraestrutura própria é um investimento que se paga rápido. “Temos mantido essas duas opções [construir unidade própria ou adquirir um percentual da UPGN Guamaré] em aberto, avaliando as duas com muito cuidado”, disse Moreira. Marcelo Magalhães destaca, no entanto, que a “melhor alternativa” é a parceria. “Existem sinergias naturais entre as duas operações [da 3R e PetroReconcavo na Bacia Potiguar] e estou convicto de que colaboração tem tudo para criar valor para ambos e que a não colaboração pode destruir valor para os acionistas de ambos”, disse.

Parceria

A 3R tem sinalizado o interesse em desenvolver parcerias no Ativo Industrial de Guamaré – que não se restringe somente à UPGN e envolve também a Refinaria Clara Camarão e a infraestrutura de tancagem de derivados. Especificamente sobre o interesse numa eventual parceria na UPGN, o CEO da companhia, Matheus Dias, que a empresa está satisfeita com o atual portfólio e com a posição de prestadora de serviços de processamento. Mas não descartou uma eventual sociedade. “A gente está bem satisfeito com o que tem no portfólio. A gente prestar serviços na UPGN funciona muito bem (…) Logicamente que, se for estudado um perímetro de transação que seja oportunístico e muito vantajoso para a companhia, certamente a gente vai estudar e seguir com uma análise”, afirmou. A 3R, aliás, está ampliando a sua capacidade de processamento em Guamaré, de 1,4 milhão de m3/dia para 1,8 milhão de m3/dia.

Petrobras

A gestão Prates mudou o curso do programa de venda de ativos das gestões passadas e decidiu cancelar os planos de alienação do Polo Bahia Terra. A estatal, no entanto, está aberta a parcerias na operação de seus ativos de exploração e produção, para dividir os investimentos. Ao justificar a mudança de estratégia, a petroleira informou, em setembro, que buscará “maximizar o valor do portfólio com foco em ativos rentáveis, repor as reservas de óleo e gás, in clusive com a exploração de novas fronteiras, aumentar a oferta de gás natural e promover a descarbonização das operações”. “Projetamos investimentos complementares e a formação de parcerias não está descartada”, afirmou a gerente executiva de parcerias e procedimentos de upstream da Petrobras, Ana Paula Zettel.

Fonte: Epbr

Related Posts