No Pará, a companhia mira indústrias, menores que a Alunorte, localizadas próximas ao porto de Barcarena e no interior do estado e interessadas em substituir combustíveis mais poluentes como diesel e óleo combustível.
Além disso, a NFE está de olho em oportunidades de fornecimento para projetos termelétricos no Amapá, via fluvial (a contratação compulsória de térmicas, prevista na lei de privatização da Eletrobras, pode ser uma oportunidade). A própria companhia também tem a possibilidade de expandir o projeto termelétrico de Barcarena.
A New Fortress, aliás, está estruturando um negócio de distribuição de GNL em pequena escala, para atuar na região, via caminhão ou via fluvial. O plano é começar a operar o serviço em 2025.
Cunha disse que a empresa vem tocando o projeto por conta própria, mas não descarta parcerias com operadores logísticos no futuro.
“As duas possibilidades estão em aberto. Estamos fazendo a precificação dos contratos assumindo uma operação própria, mas dada as particularidades da região entendemos que pode ser interessante trazer um operador, um parceiro para nos ajudar nessa empreitada no Norte”, comentou.
Em Santa Catarina, ele assegura que o TGS entrará em operação no início de 2024, independentemente da quantidade de novos clientes, mas que a empresa está intensificando os esforços na captação de consumidores.
A New Fortress, segundo o executivo, aposta em diferentes tipos de segmentos: desde termelétricas (existentes ou novos projetos) a indústrias no mercado livre e transportadores interessados em contratar o serviço de balanceamento da rede.Ele afirma que a empresa cogita tanto entrar em projetos termelétricos como fornecedora do gás quanto, em alguns casos, como acionista de alguma empreitada.
Um caminho turbulento
A investida da empresa nos novos terminais conviveu com estouros no orçamento e no cronograma. O atraso do terminal catarinense gerou insatisfações na indústria local e um mal-estar com a SCGÁS – que via no TGS uma alternativa para reduzir a exposição à Petrobras. Vale lembrar que o ano de 2022 começa com um forte reajuste da estatal.
No mercado, ficou a impressão de que, com a crise do gás na Europa, a NFE redirecionou suas atenções (e molécula) para o continente – que busca reduzir a sua dependência do gás russo.
A NFE nega. Cunha destaca que o Brasil é mercado prioritário para o grupo e atribui a demora na conclusão das obras do TGS, inicialmente previsto para 2022, a atrasos no furo direcional para instalação do gasoduto que conecta a planta de regaseificação à costa.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, claro, também atrapalhou: com os preços internacionais nas alturas, as negociações com potenciais clientes esfriaram.
“O atraso [do TGS] foi uma conjunção de fatores: o atraso na obra de engenharia e essa dinâmica do mercado global [pós-guerra da Ucrânia] que atrapalhou e muito as discussões que estávamos tendo com novos clientes… Não faltou molécula, faltou preço atrativo suficiente para esses consumidores”, complementou.
Ele conta que NFE possui um portfólio de GNL contratado – junto a traders como Shell, Charniere e Gunvor – que garante volume suficiente e gás para as operações da empresa; e que a companhia se prepara para colocar em operação no México, ainda este ano, o seu primeiro projeto próprio de liquefação flutuante (FLNG).
“Isso nos dá mais flexibilidade e apetite para capturar mais demanda, seja no Brasil ou outras geografias onde atuamos… Não falta atenção da holding, capital nem apetite para investir no Brasil”, comentou.
Fica o registro: o contrato entre NFE e SCGÁS previa o início do fornecimento para março de 2022 e inclui cláusulas de ressarcimento por atrasos. Questionada, a distribuidora preferiu não comentar, por questões de confidencialidade, mas confirmou que o contrato assinado entre as partes está em discussão.
A NFE também preferiu não entrar em detalhes, mas afirmou que a relação com a SCGás está equacionada.
NFE crê em novo momento
Cunha acredita que, depois de bater recordes em 2022, os preços internacionais do GNL vão começar a ceder nos próximos anos, trazendo mais competitividade para as atividades do grupo no Brasil.
“Tem muita oferta de GNL por entrar, seja no Oriente Médio, seja nos Estados Unidos. Acreditamos que há uma pressão para baixo. Além disso, teremos nosso GNL próprio, produzido no México, a preços competitivos”, disse.
O executivo destaca que, mesmo hoje, com os preços globais ainda tensionados, o GNL já justifica a substituição de combustíveis concorrentes no mercado brasileiro – sobretudo entre os clientes do GNL small-scale.
Em Santa Catarina, Cunha cita que o gás importado pela companhia entrará no mercado do Sul com uma vantagem competitiva em relação aos custos de transporte, comparativamente ao gás boliviano e o gás que vem da malha da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) – que percorrem distâncias maiores.
Fonte: Epbr
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