O BNDES aprovou dois financiamentos, que somam cerca de R$ 230 milhões, para duas plantas de produção de biometano, dentro do objetivo de ampliar o apoio a projetos com o gás. O biometano é uma fonte de energia limpa e barata, mas ainda pouco utilizada no Brasil. O gás é gerado a partir da purificação do biogás, produzido no processamento de resíduos orgânicos, como esgoto, dejetos de animais ou decomposição de lixo. Nos projetos aprovados pelo banco de fomento, o gás será produzido a partir de subprodutos do álcool, do açúcar e da decomposição de matéria orgânica de um dos maiores aterros sanitários do mundo, localizado na cidade paulista de Caieiras (SP). Os dois projetos serão instalados no Estado de São Paulo, com previsão de distribuição nacional por meio de rodovias.
Aproximadamente 82% do valor financiado pelo BNDES para as duas plantas, ou cerca de R$ 189 milhões, será aportado via Fundo Clima. O Fundo é voltado para o financiamento de projetos estruturantes e de combate às mudanças climáticas em linha com o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. “A procura por projetos desse tipo tem crescido bastante e o banco quer atuar como ator relevante para apoiar o grande potencial do país nessa agenda”, afirma o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco de fomento, José Luis Gordon. O BNDES irá desembolsar R$ 93, 8 milhões para a Solví Essencis Ambiental, maior operadora de aterros sanitários do país, construir uma planta no aterro sanitário de Caieiras, considerado o maior da América Latina e terceiro maior do mundo. O aterro está localizado a cerca de 35 quilômetros do centro da capital paulista, e recebe o lixo de mais de 20 municípios da região metropolitana da capital. O apoio do BNDES corresponde a cerca de 80% do investimento total, de R$ 117 milhões. Do montante financiado pelo BNDES, R$ 53,7 milhões são recursos do Programa Fundo Clima, e R$ 40,2 milhões do BNDES Finem, linha tradicional para financiar empreendimentos. A previsão é de que o projeto evite a emissão de 43.068 toneladas de gás carbônico (CO2) equivalente por ano.
O outro financiamento, de R$ 135 milhões, será destinado ao grupo do setor sucroenergético Cocal, para a construção de uma planta em Paraguaçu Paulista (SP). Os recursos, integralmente financiados pelo BNDES Fundo Clima, correspondem a 60% do valor que será investido no projeto, avaliado em aproximadamente R$ 200 milhões. O projeto da Cocal, segundo da companhia no município paulista, irá produzir biometano a partir de subprodutos da indústria sucroenergética, como palha de cana, torta de filtro e vinhaça, oriundos da produção de álcool e açúcar. A planta terá capacidade para produzir até 60 mil metros cúbicos por dia de biometano e, de acordo com a Cocal, deve entrar em operação até abril de 2025. A redução estimada de emissões de gases de efeito estufa decorrente da implantação e execução do projeto da Cocal é de mais de 10 milhões de toneladas de carbono. O projeto prevê que parte da produção seja utilizada pelo próprio grupo Cocal, para abastecer a frota de veículos da empresa, e que o restante seja comercializado para demais indústrias do país. Nesse caso, o gás será transportado em cilindros, por meio de carretas.
Fonte: Valor Econômico
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