O diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça, afirmou que é possível desenvolver o mercado de GNV em veículos pesados no país com aproveitamento de infraestruturas do setor de veículos leves. Ele participou na terça (19) da audiência pública Gás natural veicular (GNV): cadeia produtiva e seus impactos, promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico.
De acordo com o executivo, é possível adaptar os postos de veículos leves para atender os veículos pesados. “Assim, o programa de incentivo de veículos pesados movidos a GNV não sairia do zero. Com um programa estabelecido, poderia se desenvolver rapidamente e atingir as metas estabelecidas”, completou.
Mendonça ainda pontuou que o Brasil apresenta mil carros em circulação e 1,7 mil postos de abastecimento. Segundo ele, cerca de 23% dos postos estão localizados nas principais rodovias, e são necessários investimentos para adequação de abastecimento dos caminhões.
Corredores logísticos
Para incentivar o desenvolvimento desses programas, ele acredita que é necessário apoiar corredores logísticos, linhas de créditos especiais nos bancos públicos e medidas de incentivo por meio de impostos federais. Além de medidas para equilibrar tanto IPVA quanto alíquota do ICMS, e inclusão de GNV nas novas licitações de transporte.
“Hoje, quando se discute os programas municipais, falamos de net zero e acabamos esquecendo do gás. Temos que lembrar que o gás pode estar presente. É um contrassenso fazer um programa de BRT sem levar em consideração o gás”, destacou.
O consumo de GNV registrou uma queda de 15% nos últimos 12 meses o e atingiu um volume de 5,4 milhões de m³/dia. Segundo o presidente do Sindirepa, Celso Mattos, a queda é reflexo da queda do ICMS do etanol e da gasolina, que tirou a competitividade do gás.
O preço do GNV nos postos de abastecimento é 29% menor em comparação a gasolina e ao diesel S10. No Sudeste, especialmente no Rio de Janeiro, ele observou que os valores são 40% menor que os combustíveis líquidos.
“Temos um potencial de alcançar 375 milhões m³/dia de GNV em 2025, com base no consumo da gasolina, etanol e diesel. Podemos conseguir o volume com pequenas ações, que o governo também pode ajudar”, completou.
Já o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) acredita que também é importante investir na comunicação das vantagens dos programas para reforçar as vantagens competitivas já instaladas do país. Segundo ele, as discussões sobre veículos elétricos e movidos a hidrogênio, apesar de importantes, são temas voltados para demanda europeia.
Fonte: Energia Hoje