A Comgás deu mais um passo na diversificação de seu portfólio de suprimento de gás natural, ao fechar em dezembro um contrato de fornecimento com a Shell. O acordo prevê o fornecimento de 500 mil m3/dia – o equivalente a quase 4% do volume total contratado pela distribuidora.
Assim, a concessionária de gás canalizado de São Paulo entra em 2024 com um pouco mais de um quarto de seu volume de gás contratado com empresas fora do universo Petrobras. Até o fim do ano passado, a petroleira brasileira era a única fornecedora do gás da distribuidora, controlada pela Compass, do grupo Cosan.
A Comgás é a maior compradora de gás do mercado brasileiro, com 13,125 milhões de m3/dia sob contrato em 2024.
Em 2023, a empresa abriu uma chamada pública, na expectativa de atrair novos supridores. Os contratos então vigentes com a Petrobras venciam ao fim do ano passado e era preciso recontratar a maior parte dos volumes.
Com uma demanda expressiva, a Comgás não tinha pretensões de conquistar a independência da Petrobras – único agente do mercado brasileiro com um portfólio suficiente para atender a um mercado do tamanho de São Paulo.
Esperava, no entanto, que a concorrência ajudasse na obtenção de melhores condições contratuais. Ao todo, recebeu 14 propostas de oito supridores diferentes (incluindo duas propostas para suprimento de biometano).
A distribuidora, todavia esclareceu, em comunicado ao mercado, que “apenas a Petrobras apresentou oferta de volume suficiente para atender o mercado cativo da concessionária no curto prazo”.
Contrato com Petrobras prevê redução gradual de volumes
O contrato de longo prazo assinado com a Petrobras, para o período 2024-2034, na modalidade firme inflexível, prevê um total de 9,5 milhões de m3/dia para 2024 e rampa decrescente até 4,75 milhões de m3/dia entre 2031 e 2034.
Isso dá à concessionária janelas de oportunidade para aquisição de gás junto a outros fornecedores – ou a recontratação de gás com a Petrobras em outras condições.
O preço do gás foi definido num patamar de 11,9% do preço do barril do petróleo do tipo Brent para 2024 e 2025. A partir de 2026, o preço do gás passa a ser indexado em parte ao Brent (80% do volume) e em parte (20%) ao Henry Hub, preço de referência do gás nos Estados Unidos.
Uma vez garantida a segurança de suprimento no contrato com a Petrobras, a Comgás buscou então os demais supridores para renegociar as propostas apresentadas.
Segundo a distribuidora, após os primeiros contratos com a estatal se tornarem públicos, “os demais supridores buscaram equivalência ou ajustes de preço de baixa representatividade, porém com desvantagens nas demais condições comerciais”.
Assim, o acordo com a Shell, celebrado no fim do ano passado na modalidade firme flexível – a Petrobras ofereceu um produto inflexível –, foi assinado nesse contexto, com uma precificação de 11,7% do Brent.
TRSP: Subida da Serra ainda aguarda acordo
A Comgás também vive a expectativa de começar a receber, este ano, gás do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), que pertence ao mesmo grupo: a Compass. A concessionária paulista tem um contrato para aquisição de 3,125 milhões de m3/dia do TRSP.
O terminal, contudo, está conectado à concessão pelo Subida da Serra, gasoduto do projeto Reforço Metropolitano, que está no centro de um impasse sobre sua classificação como transporte ou distribuição. O acordo entre ANP, Arsesp e Comgás ainda está em discussão.
Fonte: Epbr
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