O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, suspendeu nesta sexta (26) a aprovação de novos terminais para exportação de gás natural liquefeito (GNL), em uma decisão que atende as exigências de grupos ambientalistas, mas que enfurece as empresas de petróleo e gás. Biden disse que o governo interromperá as análises dos pedidos de projetos de construção de terminais de exportação, enquanto avalia a nova condição do país como o maior exportador mundial de GNL. “Vamos analisar com atenção os impactos das exportações de GNL nos custos de energia, na segurança energética dos Estados Unidos e no nosso ambiente. Esta pausa nas novas aprovações de [terminais de] GNL vê a crise climática como ela é: a ameaça existencial do nosso tempo”, disse Biden. A secretária de Energia, Jennifer Granholm, disse que o processo não afetará os terminais de exportação já autorizadas ou as exportações de gás para aliados dos EUA, incluindo a Europa, que depende fortemente do gás americano desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A decisão representa uma vitória significativa para grupos ambientalistas. Ao lado de alguns legisladores democratas, eles vinham, há meses, pressionando Biden para suspender os planos de construção de novos terminais de GNL na Costa do Golfo, argumentando que a expansão teria um efeito prejudicial no clima, na economia dos EUA e nas comunidades locais. “Com esta decisão, o presidente Biden – que já pode afirmar ter feito mais para promover a energia limpa do que qualquer um dos seus antecessores – também fez mais para controlar a energia não renovável, travando a maior expansão dos combustíveis fósseis da história”, disse o ativista climático Bill McKibben. O anúncio ocorre no momento em que Biden se prepara para uma disputa eleitoral acirrada contra o ex-presidente Donald Trump, que prometeu expandir os combustíveis fósseis se vencer. Biden tem de equilibrar duas questões aparentemente contraditórias: persuadir os eleitores jovens e preocupados com o clima, ao mesmo tempo que tranquiliza os aliados estrangeiros de que os EUA continuarão a fornecer os combustíveis dos quais dependem. Na sua declaração, Biden enquadrou a decisão como uma refutação das políticas pró-combustíveis fósseis de Trump. “Embora os republicanos neguem deliberadamente a urgência da crise climática, condenando o povo americano a um futuro perigoso, a minha administração não será complacente”. A revisão do Departamento de Energia (DoE) levará meses e será seguida por um período de comentários públicos, disseram funcionários do governo. Isso terá impacto imediato em quatro projetos de GNL cujos aprovações estão atualmente pendentes. Analistas avaliam que essa atualização no processo de aprovação pelo Departamento de Energia provavelmente vai adiar as novas decisões até depois da eleição de novembro.
Fonte: Valor Online / Dow Jones