O biogás e o biometano estão entre os principais destaques para alavancar a transição energética do país em decorrência do potencial de produção do gás renovável. O presidente do conselho de administração da Abiogás, Alessandro Gardemann, calculou que as atuais 885 plantas de produção de biogás correspondem a 4% da capacidade brasileira.
Já o biometano conta com 20 unidades em operação, mas pode aproveitar da infraestrutura do biogás para ampliar as atividades e as perspectivas do setor. A associação projeta alcançar 70 plantas de biometano em operação até 2029 para aumentar o uso do gás renovável na transição energética.
“O potencial brasileiro é gigantesco: são quase 100 milhões de m³/dia de biometano, dos quais em torno de 50% (57,6 milhões m³/dia) estão na cadeia de sucroenergético; 38 milhões m³/dia na cadeia de proteína animal; 18 milhões m³/dia com resíduos agrícolas de soja, milho e amendoim; e 6 milhões m³/dia em saneamento”, explicou durante audiência pública da comissão especial da Câmara dos Deputados sobre transição energética, realizada na última terça (06).
O sócio na área de Energia, Petróleo e Gás do Urbano Vitalino Advogados, advogado Luís Fernando Priolli, reforçou o potencial do país na produção do biocombustível e lembrou que a baixa escala de produção ainda permanece como limitador do processo. “Isso demanda dos formuladores de políticas públicas um desafio legislativo, tal como vem sendo debatido na Câmara dos Deputados”, completou.
Já o presidente da comissão externa de transição energética e relator do PL 4516/23, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), disse que irá contemplar as reivindicações de produtores e usuários de biogás e biometano. Ele comentou que o acesso à infraestrutura e caracterização do atributo ambiental será um desafio no projeto.
“Nós estamos em fase final do relatório. É uma conversa que eu terei com o presidente Lira que vai definir exatamente o momento de ir a Plenário”, afirmou.
Casos de sucesso
A Cocal apresentou na audiência pública como produz biogás a partir de palha, vinhaça e torta de filtro da cana-de-açúcar; biometano, a partir da purificação do biogás; além de açúcar, etanol e biofertilizantes. Segundo o diretor da empresa, Luiz Gustavo Scartezini, a produção pode ser replicada em todo o país.
Ao considerar a safra de 610 milhões de toneladas de cana que o Brasil registrou entre 2022 e 2023, Scartezini projetou a geração de 20 GW de eletricidade e 20 bilhões de metros cúbicos de biometano. “Estamos falando de poder gerar energia elétrica 1,5 vezes superior à geração [da hidrelétrica] de Itaipu ou ainda produzir biometano para substituir o diesel no estado de São Paulo”, destacou.
Já a Scania prevê um “futuro eclético” com a coexistência de veículos pesados com diferentes tecnologias de combustíveis.
Fonte: Energia Hoje
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