A PortosRio – empresa pública federal que administra os portos públicos do Rio de Janeiro, Niterói, Itaguaí e Angra dos Reis – perguntou, à Antaq, se pode incluir a previsão de estabelecimento de determinadas prioridades para navios destinados à movimentação de carga no Porto de Itaguaí em relação aos Terminais de Uso Privado (TUPs) no Regulamento de Exploração do Porto (REP), segundo carta enviada na última quinta (18). O REP estabelece as regras básicas de funcionamento dos portos organizados, que deverão ser observadas por todos que utilizam ou exerçam atividades no âmbito das instalações portuárias e da infraestrutura de proteção e de acesso sob a jurisdição da Autoridade Portuária. De acordo com a PortosRio, o projeto do Terminal de GNL Tagoahy, da Blueshift Gás & Energia, está muito próximo dos limites do Porto de Itaguaí e do Terminal da Ternium, prevendo, inclusive, o uso do canal de navegação do porto e de sua bacia de evolução (área especial, fronteiriça às instalações de acostagem, destinada às manobras de navios).
O projeto da Blueshift também prevê a atracação de uma embarcação, que receberá outras embarcações para operações ship-to-ship. Desta forma, a PortosRio afirma que o projeto resultará no aumento da taxa de ocupação do canal, podendo gerar uma perda de produtividade no porto e nos terminais já instalados, tendo em vista que o canal principal não permite manobras de sentidos contrários ao mesmo tempo. “Esse aumento da taxa de ocupação do canal com projeto que não esteja associado a operações de movimentação de carga e descarga de mercadorias em terminais (…) pode gerar impactos na movimentação de cargas no Porto de Itaguaí em função da redução da janela de manobras, impactando, assim, no faturamento dos terminais e da PortosRio, pois a única fonte de receita para a Autoridade Portuária nesses projetos se restringe à cobrança da Tabela 1 relativa ao acesso aquaviário”, afirma a PortosRio na carta enviada à Antaq. O Terminal de GNL Tagoahy está previsto para ser instalado na Baía de Sepetiba, nas proximidades da Ilha dos Martins (RJ), com o objetivo de receber, estocar e transferir o GNL para small LNG carriers e para ISO containers (contêineres intermodais internacionais que atendem aos padrões especificados pela Organização Internacional de Padronização – ISO), com o objetivo de atender ao mercado do RJ e de outros estados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
O terminal terá uma área total de 76,5 mil m², e contará com uma FSU (Floating Storage Unit) ancorada com capacidade de armazenamento de 125 mil m³ de GNL. O GNL, que será importado a partir de um fornecedor internacional, será recebido por meio de embarcações do tipo LNGC (Liquified Natural Gas Carrier) que farão a transferência na modalidade ship-to-ship. De acordo com o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) do terminal de GNL Tagoahy, o empreendimento foi projetado para permitir a atracação lado a lado de um navio LNGC por vez, com capacidade de 70 mil m³ a 135 mil m³ de GNL. O GNL armazenado será, posteriormente, transferido para small LNG carriers, que farão o transporte do insumo a outras unidades da federação. O GNL também poderá ser transferido para ISO containers com capacidade de 45 m³/cada. No entanto, para esse tipo de operação, o projeto prevê o uso da balsa do terminal de contêineres do Porto de Sepetiba, localizado dentro do Porto de Itaguaí. Ao todo, os investimentos previstos, segundo o EVTE, são de R$ 52 milhões, contemplando a implantação e o início da operação do terminal.
Fonte: PetróleoHoje