Uma empresa de engenharia francesa, a Prodeval, está se preparando para entrar no Brasil neste ano para fornecer um sistema avançado de purificação de biogás para produção de biometano. A ideia, segundo o responsável por desenvolvimento de negócios na América Latina, Carlos Mancino, é montar escritório em São Paulo e terceirizar com fabricantes locais a montagem e produção dos sistemas. A tecnologia patenteada da empresa é baseada em membranas especiais da alemã Evonik, que separam o dióxido de carbono e o metano do biogás, que na média estão presentes entre 30% e 45% e entre 50% e 70%, respectivamente, no gás captado de aterros ou fruto da digestão anaeróbica de resíduos orgânicos agroindustriais, agrícolas, de dejetos animais ou de lodos de estações de tratamento de esgoto. O sistema utiliza três estágios de membranas, o que garante 97% de metano (CH4), percentual acima da exigência brasileira da ANP para especificar biometano como combustível, de 90%. “A nossa tecnologia é feita para atender os padrões mais rigorosos da legislação francesa, e de alguns outros países, que exigem esse percentual elevado do metano”, diz Mancino.
A solução também tem mais de 99,3% de rendimento, explica o executivo, o que se traduz em alto aproveitamento do biogás. Com isso, o chamado off-gas, ou seja, o dióxido de carbono separado do metano e que normalmente é emitido na atmosfera, tem no máximo 0,7% de metano. Em comparação com a tecnologia mais empregada no Brasil, presente nas ainda poucas plantas de biometano, trata-se de um ganho considerável. A chamada tecnologia de adsorção por modulação de pressão (PSA, na sigla em inglês para pressure swing adsorption), segundo Mancino, gera off-gas com cerca de 10% de metano. “Isso significa que a tecnologia de PSA, muito pouco usada na Europa ultimamente, desperdiça potencial combustível do gás renovável e ainda emite metano na atmosfera, que é um dos principais causadores do efeito estufa”, explica. Além da purificação do biogás, a Prodeval também tem solução para liquefação do dióxido de carbono, um sistema que permite seu reaproveitamento para comercialização e uso industrial do chamado CO2 biogênico. A tecnologia realiza o tratamento, refrigeração, a compressão e a liquefação do CO2 para sua venda por exemplo para a carbonatação de bebidas, indústria alimentícia, abate de animais e para outros usos que, segundo o responsável pela Prodeval, têm potencial no Brasil, na indústria química, produção de extintores e indústria de cimentos.
Para Mancino, a decisão da empresa francesa em entrar no Brasil tem relação direta com o grande potencial do mercado e, em específico, com a recente inclusão do mandato de compra obrigatória de biometano por produtores e importadores de gás natural no programa federal Combustível do Futuro, já aprovado pela Câmara dos Deputados e em análise pelo Senado Federal. “A expectativa é muito grande com os negócios no Brasil”, disse. A Prodeval tem 475 plantas de purificação de biogás instaladas no mundo, com cerca de 350 na França, onde o maior uso é no setor agrícola e pecuário.
Fonte: EnergiaHoje
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