A principal petrolífera dos Emirados Árabes Unidos concordou em comprar uma participação de 10% num projeto de gás natural em Moçambique, o seu segundo grande negócio anunciado nesta semana, o que reforça que a empresa está em busca de expandir o negócio em nível global. A Abu Dhabi National Oil Co. (Adnoc) vai adquirir a participação na concessão da área 4 da Galp Energia. A Galp receberá 650 milhões de euros, e mais pagamentos contingentes de até 500 milhões de euros quando duas fases de desenvolvimento planejadas avançarem, afirmou a empresa portuguesa num comunicado separado. O acordo dá à Adnoc uma parte do fornecimento de GNL, uma aposta de crescimento da empresa. A companhia também tem buscado outros negócios, incluindo a aquisição da empresa química alemã Covestro e a fusão de uma das suas unidades com uma subsidiária da austríaca OMV para criar um gigante petroquímico de US$ 30 bilhões. Esse impulso coincide com os esforços da Saudi Aramco para aumentar a sua presença global, depois de concordar em comprar uma empresa de GNL na Austrália. Em Moçambique, a Adnoc obterá uma participação no projeto de exportação de GNL chamado de Coral South, com produção de 3,5 milhões de toneladas por ano, que está atualmente em operação.
A expansão proposta, chamada de Coral North, poderia produzir a mesma quantidade de combustível de um navio flutuante de exportação. Outro projeto planejado para ser baseado em terra, chamado de Rovuma, deverá ter capacidade para produzir 18 milhões de toneladas de GNL por ano. O anúncio desta quarta-feira segue-se à aquisição da Adnoc nos EUA no início desta semana, quando adquiriu uma participação no projeto de GNL da NextDecade. O acordo com Moçambique – onde os ataques de grupos militantes ligados ao Estado Islâmico aumentaram perto do local do projeto – é também o exemplo mais recente da medida dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para aumentar a sua influência em África. No início deste ano, o país concordou em investir US$ 35 bilhões no Egito, potencialmente salvando a economia. Em 2022, os EAU prometeram US$ 52,8 bilhões em investimentos diretos na África, de acordo com dados da fDi Markets. Esse número caiu para US$ 44,5 bilhões em 2023 – ainda quase o dobro do de Pequim, que ficou em segundo lugar. O EAU pretende ser autossuficiente em combustível até 2030, à medida que explora internamente e acrescenta participações em campos do Azerbaijão ao Egito. “Deixamos muito claro que estamos interessados em setores-chave quando se trata de baixo carbono, passando por soluções de energias renováveis, gás natural e produtos químicos”, disse Musabbeh Al Kaabi, diretor executivo de crescimento internacional da Adnoc, em entrevista na segunda-feira, depois que a empresa anunciou o acordo com os EUA. “Estamos executando nossa estratégia e nossa estratégia é clara. É um marco, com esperança de que mais esteja por vir.” A Adnoc ocupará o lugar da Galp nos projetos Rovuma e Coral. A empresa irá juntar-se à Eni, Exxon Mobil, China National Petroleum, Korea Gas e à produtora estatal de Moçambique Empresa Nacional de Hidrocarbonetos E.P. na instalação planejada offshore. A Exxon disse no início deste mês que espera uma decisão final de investimento para o projeto onshore do Rovuma até o final de 2025.
Fonte: Valor Online / Bloomberg
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