No primeiro mês de medidas de restrição à circulação de pessoas, como estratégia de enfrentamento à pandemia da covid-19 no Brasil, o consumo de combustíveis caiu 5,3% em março, na comparação com igual período do ano passado. Segundo dados da AN), foram vendidos 10,645 bilhões de litros no mês retrasado, o pior março desde 2011. A perspectiva, no mercado, é que abril, cujos dados ainda não foram consolidados, tenha sido ainda pior.
Desde maio de 2018, período marcado pela greve dos caminhoneiros, as vendas não eram tão baixas. Com a queda das vendas em março, o mercado brasileiro fechou o primeiro trimestre com um recuo de 0,6%.
Os principais destaques negativos em março foram a gasolina e o querosene de aviação (QAV), fortemente impactados por restrições na mobilidade. Já o consumo de gás liquefeito do petróleo (GLP), muito usado nas residências, tem se beneficiado pelas políticas de isolamento social, enquanto o diesel, muito demandado pelo agronegócio, segue em alta.
Segundo a ANP, as vendas de gasolina comum caíram 13,3% em março, para 2,697 bilhões de litros — o volume mais baixo para o mês desde 2010.
No primeiro trimestre, a queda foi de 2,7%, mesmo o derivado tendo ficado mais barato.
O etanol hidratado, por sua vez, recuou 15,7% em março, para 1,478 bilhão de litros, o pior volume para o mês desde 2018. No trimestre, houve uma queda de 3,6% na comercialização do biocombustível.
Já a contração do consumo de QAV foi de 28,9% em março, na comparação anual, e de 10,8% no primeiro trimestre. O volume vendido no mês retrasado, de 426 milhões de litros, foi o mais baixo para março desde 2007.
Consumo de diesel e GLP sobem
Na contramão, no caso do diesel, cujo consumo está mais atrelado às atividades industriais e transporte da produção agrícola, o mercado se manteve em crescimento durante março. As vendas do derivado cresceram 3,4% no mês e 2,5% no primeiro trimestre. Ao todo, foram comercializados 4,71 bilhões de litros do combustível no mês retrasado.
Ainda dentro dos destaques positivos, as vendas de GLP cresceram 11,8% em março, para 1,177 bilhão de litros, e 5% nos três primeiros meses do ano. O combustível é muito usado nas cozinhas das famílias e foi beneficiado pelas medidas de isolamento social.
O consumo de óleo combustível, muito atrelado às termelétricas e à indústria, por sua vez, recuou 6,7% em março. As vendas do derivado já vinham em baixa. Tanto que, no trimestre, a queda acumulada foi de 9,8%.
A ANP também contabilizou quedas nos consumos de gasolina de aviação (-21,7%) e querosene iluminante (-18,7%) em março.
Redução de preços
A queda de demanda por combustíveis no mercado doméstico acelerou o processo de redução de preços na bomba do etanol, da gasolina e do diesel. Segundo dados da ANP, de março até abril os preços da gasolina ao consumidor final caíram 10,01%, enquanto os do diesel recuaram 10,36%.
Pelas projeções de IPCA da LCA Consultores, as quedas foram de 9,32% e de 8,16%, respectivamente. Tanto pela ANP quanto pelas projeções da LCA, o preço do álcool foi o que mais caiu, com recuo de 13,67% e de 15,45%, respectivamente.
Fabio Romão, economista da LCA, diz que desde o início do ano a Petrobras já vinha reduzindo preços dos combustíveis, mas esse efeito demorou a aparecer na venda ao consumidor final. O isolamento social resultante da pandemia, porém, causou queda de demanda, o que se refletiu nos preços.
Os valores praticados são, portanto, explica Romão, resultado da queda de preços do petróleo no mercado internacional e do desaquecimento do mercado doméstico. A valorização do câmbio no período pressionou os preços para cima, mas o efeito do tombo nos preços do petróleo preponderou.
A queda nos combustíveis para veículos deverá ter grande influência no IPCA dos meses de abril, maio e junho. A LCA projeta deflação para o segundo trimestre.
Fonte: Valor Online
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