A Edge realizou nesta terça (15) a sua primeira operação de importação de gás natural da Argentina, via Bolívia. A comercializadora do grupo Compass trouxe, em caráter de testes, uma carga da Tecpetrol, oriunda da Bacia Noroeste, do país vizinho. O CEO da Edge, Demétrio Magalhães, destacou que este é um primeiro passo da integração com os produtores argentinos e que a expectativa é manter a importação, ainda em caráter interruptível, nos próximos dias. A Edge tem o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP) como sua fonte de suprimento principal, mas vem diversificando seu portfólio por meio de aquisições complementares de gás do pré-sal, da Bolívia e, agora, da Argentina. “É mais uma opção para o nosso portfólio. Com o TRSP, temos flexibilidade para minimizarmos nossas posições de portfólio. Estamos próximos deles e, tendo disponibilidade de mais gás interruptível que faça sentido, pode ter outros volumes chegando”, disse Magalhães à agência eixos.
Teste da rota boliviana
A importação de gás argentino envolveu, ainda, a YPFB, que, por sua vez, fez o trânsito internacional. A estatal boliviana lançou, em 2024, uma nova linha de negócios que consiste no serviço de agregação e transporte do gás argentino ao Brasil, por meio de sua infraestrutura. Segundo Demétrio Magalhães, a companhia conseguiu negociar com os bolivianos uma tarifa mais competitiva do que os patamares que vinham sendo comentados no mercado. Inicialmente, a YPFB havia precificado o serviço entre US$ 1,4 e US$ 2 o milhão de BTU, dependendo do prazo do contrato (se sazonal, trimestral, mensal ou diário). Quanto mais longo o prazo de contratação, menor a tarifa. Agentes do mercado se movimentam desde 2024 para tentar viabilizar as primeiras importações de gás argentino na janela de verão – quando o país vizinho, historicamente, costuma ter um balanço de excedentes de gás. No início do mês, a MTX Comercializadora de Gás Natural, subsidiária da Matrix Energy, anunciou a realização da primeira operação via Bolívia. O fornecedor, nesse caso, foi a TotalEnergies, por meio da Total Austral e TotalEnergies Gas Cono Sur.
Edge monta portfólio na Argentina
A Edge não entrou em detalhes sobre os volumes trazidos. A empresa tem acordo com a Tecpetrol e outros dois supridores na Argentina: a Pan American Energy (PAE) e a TotalEnergies – todos os contratos na modalidade interruptível. Da Tecpetrol, a comercializadora brasileira tem autorização do governo argentino para importar: até 500 mil m3/dia da Bacia Noroeste, a US$ 7,1 o milhão de BTU na fronteira com a Bolívia (considerado o preço do Brent a US$ 80 o barril); até 1 milhão de m3/dia da Bacia Neuquén, a US$ 7,5 o milhão de BTU na fronteira com a Bolívia (considerado o preço do Brent a US$ 80 o barril). A Tecpetrol possui produção própria de 25 milhões de m3/dia na Argentina, onde opera dois campos de gás convencional na Bacia Noroeste e o principal campo de gás não convencional do país: Fortín de Piedra, localizado na Bacia de Neuquén. “Nosso principal objetivo é abrir novos mercados regionais, gerando e impulsionando demanda para a crescente oferta de gás no país, especialmente com o potencial que Vaca Muerta vem revelando”. “Há uma enorme oportunidade, e estão em andamento — e em planejamento — ampliações na capacidade de transporte que nos permitirão abastecer, de forma competitiva e segura, todos os nossos países vizinhos”, destacou o CEO da Tecpetrol, Ricardo Markous, em nota.
Fonte: Eixos
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