No próximo dia 31 de março, completam-se 10 anos do início das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Naquela data, no ano de 2008, o então presidente – e hoje condenado pela Justiça – Luiz Inácio Lula da Silva inauguraria oficialmente os trabalhos no empreendimento. A promessa do governo era de que o Comperj processasse cerca de 8% da produção de petróleo do Brasil naquela época, fazendo com que o país fosse autossuficiente e exportador de petroquímicos. Sonhos altos e belos, mas que hoje, infelizmente, não se tornaram realidade. A Operação Lava Jato veio e revelou os esquemas fraudulentos por de trás da obra, que tinha tudo para ser um marco para o setor de refino do País. A situação triste do Comperj e o abandono das refinarias Premium do Nordeste refletem o momento que vive o segmento de produção de derivados no Brasil, que em 2017 atingiu o patamar de 642,4 milhões de barris equivalente de petróleo (bep). É o menor volume desde 2009, quando foram registrados 646 milhões de bep.
Os números constam em relatório disponibilizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo os dados, o volume produzido em 2017 representa uma queda de 4,7% na comparação com o ano anterior. Aliás, desde 2014 o Brasil acumula quedas na produção de derivados de petróleo. Em contrapartida, as importações destes produtos alcançaram um volume recorde em 2017 – 206,8 milhões de barris (dados de janeiro a novembro).
Como o Petronotícias já detalhou no início do ano, em reportagem sobre o plano de negócio da Petrobrás, a estatal abandonou os projetos para refinarias e suas modernizações. Vai produzir muito, refinar pouco e exportar grande parte do óleo cru, sem valor agregado. Para o Comperj, a previsão é concluir apenas a UPGN até 2020 e terminar o Gasoduto Rota 3. A ideia inicial era de que o petróleo produzido no Brasil fosse transformado em combustíveis e produtos de alto valor agregado na Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e no Comperj. Mas com os problemas nestas obras, a Petrobrás ficou sem capacidade de processar todo o petróleo. A consequência está aí: o país exporta muito óleo e cru e compra no exterior os produtos refinados.
Mas nem tudo está perdido. O Ministério de Minas e Energia (MME) criou um Grupo de Trabalho para incentivar investimentos no País em atividades de refino e petroquímica. A expectativa é que dentro de dois meses seja elaborado um relatório para ser apresentado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) com propostas e soluções. Resta esperar por uma mudança de postura em relação ao setor.
Fonte: PetroNoticias
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