Além de ser uma das principais fontes de arrecadação do Estado, o gás natural pode ser uma ótima alternativa para driblar a alta nos preços dos combustíveis.
O consumo do gás natural tem crescido substancialmente em Mato Grosso do Sul. Somente neste início de ano, o aumento na distribuição chegou a 76%, em comparação ao mesmo período do ano passado, como mostra matéria da edição do Correio do Estado deste fim de semana. O maior consumidor, quando as termelétricas estão desativadas, é a indústria. Mas outros setores também têm crescido, com exceção de um: o de Gás Natural Veicular (GNV). A retração do combustível gasoso usado por motoristas de Mato Grosso do Sul vai na contramão do comportamento apresentado pelo restante do País. Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás canalizado (Abegás) que, no ano passado, o consumo do gás veicular cresceu em média 8,7% no Brasil. Um dos motivos para este crescimento se deve aos efeitos da nova política de preços da Petrobras, que, desde o 2017, passou a reajustar seus preços diariamente, conforme o mercado. Com isso, o preço da gasolina, por exemplo, disparou em praticamente todo o País e os motoristas tiveram que encontrar alternativas para conseguir manter seus veículos.
Os benefícios do gás natural veicular são muitos: menos poluente – a redução da emissão de gases é até 70% menor em comparação à gasolina -, pode trazer uma economia de até 50% em comparação aos outros combustíveis e ainda ajuda as contas do Estado com a arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo recolhido na entrada do produto no Estado. É até para se questionar o motivo de a migração não ter decolado no Estado. Entre os entraves, estão os poucos postos que fornecem o GNV, o preço do “kit veicular” para fazer a conversão do veículo e também a carência de oficinas credenciadas para o serviço. Esses são os desafios da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás) para reverter o quadro de retração para crescimento neste ano.
Os governo também podem dar a sua contribuição para fazer esse consumo decolar, criando políticas de incentivos para que os motoristas adotem o GNV. Afinal, trata-se de uma ação para aumentar a estabilidade na importação do produto e, consequentemente, na arrecadação do Estado. No ano passado, Mato Grosso do Sul sentiu os efeitos da instabilidade do gás natural no bolso. A queda do dólar e a redução da importação por parte da Petrobras gerou uma perda aos cofres públicos estaduais de R$ 400 milhões, aproximadamente. Desde então, o governo do Estado deu início a uma mobilização para reduzir essa dependência da Petrobras. O objetivo é que o Estado, por meio da MSGás, compre diretamente o gás do governo boliviano. As negociações ainda estão em andamento. Paralelamente, o futuro da própria MSGás também pode ser definido neste ano. Está em andamento o estudo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a privatização da companhia. Enquanto o estudo não é concluído, é essencial que se prossiga nesse projeto de se aumentar o consumo interno do gás boliviano, trazendo assim, maior estabilidade para o setor e menos dependência do clima – as termelétricas abastecidas com o gás só são ativadas no País em períodos de seca, quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos.
Fonte: Correio do Estado (MS) / editorial
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