Quatro dias após a publicação do decreto que pôs fim à paralisação dos caminhoneiros, o abastecimento de gás de botijão permanece com problemas no país, segundo a Abragás, entidade que reúne os sindicatos de revendedores do combustível.
A situação é pior nos estados das regiões Sul e Centro-Oeste e em Minas Gerais, diz a entidade, para quem a demanda está hoje 30% superior à capacidade de produção das distribuidoras
“Criou se uma bolha, não para o consumo, mas para armazenamento. Consumidores fazem filas nas revendas, em especial nas cidades que se encontram mais distantes das bases de envasamento, em uma cena de desespero para comprar o gás”, diz o presidente da Abragás, José Luiz Rocha.
A Abragás pede aos consumidores que evitem comprar botijões para estocar, já que o estoque atual não é suficiente para atender à demanda. Segundo a entidade, a compra de botijões de reserva impede que outros consumidores tenham acesso ao combustível.
A busca por botijões adicionais foi provocada pelo risco de desabastecimento durante a paralisação dos caminhoneiros, que terminou oficialmente na última sexta (1), depois que o governo publicou decreto atendendo a pleitos da categoria.
A Abragás diz que a suspensão no fornecimento zerou os estoques dos revendedores e há hoje gargalos tanto na produção do gás liquefeito de petróleo (GLP, o gás de cozinha), quanto na capacidade de envase do combustível pelas distribuidoras.
“Apesar de o governo ter anunciado o fim da crise pelo reflexo da greve, no caso do GLP não está fácil de superar a demanda, os consumidores continuam comprando mais do que suas reais necessidades com receio de retornar a falta”, afirma Rocha.
Segundo ele, a situação só deve se normalizar em uma semana. Os revendedores temem, porém, que depois desse período, as vendas passem um período em baixa, já que há estoque nas casas dos consumidores, o que pode levar a “colapso” em seu fluxo de caixa.
O Brasil tem hoje cerca de 68,5 mil revendedores de GLP. Eles recebem os botijões de 20 distribuidoras, elo da cadeia responsável pelo envase em botijões ou vendas a granel do combustível.
Fonte: Folha de S.Paulo
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