A diretoria executiva da Petrobras aprovou um mecanismo de proteção (hedge) complementar, com o objetivo de dar maior flexbilidade à gestão da política de preços da gasolina.
“A Petrobras entende ser importante implementar mecanismos que lhe permitam ter a opção de alterar a frequência dos reajustes diários do preço da gasolina no mercado interno, podendo até mantê-lo estável por curtos períodos de tempo, de até 15 dias, conciliando seus interesses empresariais com as demandas de seus clientes e agentes de mercado em geral”, informou a empresa, em comunicado divulgado na quinta-feira (6).
A estatal petroleira destacou que o hedge poderá ser aplicado em momentos de elevada volatilidade no mercado, de forma a conferir um resultado financeiro equivalente ao que seria obtido com a atual prática de reajustes diários, que continua também como opção da companhia.
Também continuam em vigor os princípios de preço de paridade internacional (PPI), margens para remuneração dos riscos inerentes à operação e nível de participação no mercado, assim como a correlação com as variações do preço da gasolina no mercado internacional e a taxa de câmbio.
“Excessiva volatilidade”
Na quinta-feira (6), em coletiva de imprensa, o diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras, Rafael Grisolia, disse que a companhia continuará com a opção de praticar reajustes diários nos preços da gasolina.
O mecanismo de hedge anunciado hoje para manter os preços da gasolina estáveis por períodos de no máximo 15 dias será aplicado apenas em momentos de “excessiva volatilidade”.
Ele explicou que, à medida em que a companhia identificar períodos de grande volatilidade, “travará” os preços por até 15 dias, utilizando instrumentos derivativos e financeiros, como compras de posições no mercado futuro nos Estados Unidos e uso de hedge cambial no mercado local.
“Acessaremos mercados de bastante liquidez”, afirmou. “Ao final de cada período [de manutenção da estabilidade de preços], o reajuste virá na sequência. Manteremos o resultado financeiro”, disse Grisolia.
O diretor de refino e gás natural, Jorge Celestino Ramos, explicou que o objetivo do mecanismo é reduzir a volatilidade nos preços no mercado nacional. Ele destaca que existem fatores no exterior, como a temporada de furacões nos Estados Unidos, que podem impactar a oferta e demanda e trazer um “efeito de volatilidade ao mercado que não é estrutural”.
“Essas ferramentas ajudam a minimizar esse impacto no mercado”, disse. “Aprendemos, estudamos e vimos que o uso dessa ferramenta de hedge traz elementos que vão dar uma boa posição competitiva”, afirmou.
Outros combustíveis
Segundo Grisolia, o mecanismo de hedge anunciado para permitir reduzir a volatilidade dos preços da gasolina poderá ser, no futuro, estendido para outros combustíveis.
“Pode ser usado em outros produtos, à medida que vemos sua aplicabilidade e entendendo que cada commodity tem sua característica”, disse o executivo, ao ser questionado sobre a possibilidade de uso de mecanismo semelhante para o diesel.
Ele explicou que a opção de uso do mecanismo de hedge passa a valer imediatamente, mas que a decisão sobre aplicar ou não a ferramenta neste momento ainda não foi decidida.
“Para o dia especifico de hoje, vamos olhar ainda. Ainda estamos avaliando a decisão para os próximos dias. A decisão [sobre o uso do hedge] vai ser diária”, afirmou.
Questionado se a decisão de adotar mecanismos de hedge foi tomada em resposta aos rumores de que os caminhoneiros anunciariam uma nova greve, Jorge Celestino Ramos disse que o hedge já vinha sendo estudado “há muito tempo” e que faz parte de uma “trajetória de sofisticação” da precificação de combustíveis no Brasil.
“O mercado brasileiro vem se sofisticando na sua forma de precificação. Começou em 2016, com política de reajustes de até 30 dias. Vimos então que não era o suficiente para máxima rentabilidade e passamos a praticar os reajustes diários. E vimos que só isso não era suficiente. Aprendemos com os sinais que o mercado e outros agentes tem encaminhado à Petrobras no sentido de reduzir a volatilidade”, disse.
Celestino reforçou ainda que o mecanismo de hedge está reduzindo a volatilidade sobre o mercado, mas que as tendências de alta nos preços – ou queda – se manterão.
Faixa de reajuste
A Petrobras não precisará criar uma estrutura nova para administrar as operações de hedge, para reduzir a volatilidade dos reajustes da gasolina. Hoje, a companhia já pratica operações de hedge cambial e para fixar os preços do petróleo bruto.
“As estruturas a gente já têm montadas, já usamos as estruturas das mesas de finanças [para] operação de hedge quanto as mesas de trader. Não precisa criar uma estrutura nova para isso”, disse Grisolia.
Jorge Celestino Ramos explicou que a decisão sobre o uso ou não do hedge para reduzir a volatilidade dos reajustes da gasolina ficará a cargo do Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp). Formado pelo presidente, Ivan Monteiro, e pelos diretores Celestino e Grisolia, o Gemp é responsável por avaliar os reajustes dos combustíveis.
De acordo com a política de preços da Petrobras, a área técnica de marketing e comercialização da companhia tem autorização para realizar reajustes a qualquer momento, inclusive diariamente, desde que os reajustes acumulados por produto estejam, na média, dentro de uma faixa determinada (-7% a +7%). Qualquer alteração fora dessa faixa tem que ser autorizada pelo Gemp.
“Essa governança está mantida”, disse Celestino.
Fonte: Valor Online
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