Com a exploração do biometano, a oferta de gás natural no Rio Grande do Sul poderia ser ampliada para 3,6 milhões de m³/dia. O combustível é considerado uma solução para complementar a oferta de gás natural nos estados. E no Rio Grande do Sul, o potencial de produção é de 1,5 milhão de m³/dia, proveniente da biomassa agrossilvopastoril, de acordo com dados da Sulgás.
O estado, que atualmente conta com uma oferta total de 2,1 milhões de m³/dia, em número de março, poderia reduzir sua dependência do Gasbol.
Os dados foram apresentados, nesta terça-feira (30), em reunião de esclarecimentos aos interessados em participar do processo de chamada pública de contratação de 22 mil m³/dia de biometano que a empresa está promovendo. A previsão é que o envio de propostas siga até o próximo dia 26/5 e a análise deve ser realizada até setembro deste ano. Os protocolos de intenção de compra estão previstos para serem firmados até dezembro e o suprimento será a partir de 2021.
A oferta de gás canalizado no estado está hoje concentrada em Porto Alegre e região metropolitana. Outras regiões mais distantes da capital, como os municípios de Santa Maria e Pelotas, são atendidas por Gás Natural Comprimido (GNC).
Ainda no Rio Grande do Sul, a J.Malucelli já manifestou interesse em investir cerca de R$ 100 milhões na construção de uma usina de produção no município de Montenegro. A princípio, serão produzidos 15 mil m³/dia, podendo chegar a 35 mil m³/dia que serão destinados à rede da Sulgás.
Dados da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (Abiogás), mostram que o país tem um potencial de produção de 84,6 bilhões de m³/ano, sendo dividido entre o insumo proveniente do saneamento, com uma participação de 7%; resíduos sucroenergéticos, com 48%; e de resíduos agroindustriais, com 45%. Pelas estimativas da entidade, esse potencial é capaz de substituir quase 40% da demanda nacional de energia elétrica ou 70% do consumo brasileiro de diesel.
Mas ainda existem dificuldades para aproveitar todo esse potencial. Outro estudo da Abiogás, divulgado no fim de 2018, mostra que ainda são necessárias soluções para pontos que impedem o avanço do biogás na matriz energética, como relação desfavorável entre os custos de um projeto e seus benefícios comerciais; o pequeno número de projetos consolidados; baixa acessibilidade a informações técnicas, comerciais e legais; e poucas políticas específicas relacionadas ao uso deste combustível.
Há países em que o aproveitamento do biogás está mais adiantado. Estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mostra que a Dinamarca, por exemplo, pode se tornar o primeiro país da Europa a se tornar independente do gás natural fóssil, igualando a oferta de biogás e gás em 2035. Atualmente, 32 unidades de produção de biogás no país estão conectadas à rede de distribuição de gás.
Apesar das dificuldades, existem esforços por parte de alguns estados em ampliar a participação do biometano. Em São Paulo, no fim do ano passado, foi definido o percentual mínimo desse tipo de gás na rede de distribuição, que deverá ser atendido pelas três concessionárias que atuam no estado, Comgás, GasBrasiliano e Gás Natural São Paulo Sul. Nos três primeiros anos, depois que a medida entrar em vigor, a Comgás precisará adicionar 0,5% de biometano em sua rede, enquanto as demais, 1%. Após esse período, esse percentual passará para 1% e 2%, respectivamente.
Fonte: Brasil Energia
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