Reportagem da repórter Elaine Blast mostra que a Bolsa de Valores brasileira acompanhou os principais mercados de ações pelo mundo e fechou nesta terça (28) em queda de pouco mais de 3%.
Os aumentos no preço do barril de petróleo no mundo estão entre os motivos que preocupam o mercado financeiro. O petróleo mais caro pressiona a inflação no planeta todo. E, segundo os economistas, para controlar a inflação tem que subir os juros. É o que se espera na maior economia do mundo, os Estados Unidos. Juros mais caros, por sua vez, diminuem consumo e o investimento, afetando diretamente o crescimento dos países. Quando a economia cresce menos, as empresas ganham menos. De acordo com analistas, a queda no fornecimento de gás natural no mundo só piora a crise de energia que os países enfrentam hoje. O investidor está receoso com os rumos da economia global. E assim ele foge do risco vendendo ações. Por isso as bolsas mundiais fecharam no vermelho nesta terça-feira (28). O principal índice da bolsa de Nova York, o Dow Jones, teve queda de 1,63%. Frankfurt, menos 2,09%. Em Londres, baixa de 0,5%. E Paris, queda de 2,17%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo acompanhou esse movimento. O índice Ibovespa operou em queda praticamente o dia todo e fechou em baixa de 3%. As empresas com ações na bolsa brasileira perderam nesta terça R$ 141 bilhões em valor de mercado. E o dólar fechou em alta de 0,88%, valendo R$ 5,42.
A crise energética tem sido sentida especialmente na China, a segunda maior economia do mundo. Lá, o fornecimento de eletricidade foi racionado para as indústrias e já atrapalha o funcionamento de várias fábricas no país. Isso deve ter impacto direto no crescimento do maior parceiro comercial do Brasil. Tudo isso tem efeitos aqui dentro. Para o economista Roberto Padovani, a insegurança em relação à saúde das contas públicas só piora o problema. “Aqui no Brasil a preocupação é que você tenha uma mudança nas regras fiscais para estimular programas sociais num ano eleitoral. Ao mesmo tempo há uma preocupação no mercado de que o governo possa mudar sua agenda econômica e ter uma ingerência maior em preços de tarifas públicas, como no caso da energia”, explica. O ex-secretário de política econômica José Roberto Mendonça de Barros diz que a crise energética mundial se soma aos problemas que o Brasil já está enfrentando. “Tem problemas bem complexos na energia, na inflação, indiretamente atrapalha o abastecimento em certos lugares e tem a política monetária – que já teria de qualquer forma. Isso está dentro da normalidade. Mas quando você junta na mesma cesta, na mesma semana esse tumulto no mercado de energia, dá essa confusão que nós estamos vendo. Então, juntou a fome com a vontade de comer, né? Tem coisas domésticas e tem essa pressão de fora, que de especial e mais recente entra através do preço da energia”, diz.
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Fonte: Jornal Nacional / TV Globo