Quatro anos após ser obrigada a desistir de comprar a Liquigás após veto imposto pelo Cade, o grupo Ultra pode travar mais uma dura batalha no órgão de defesa da concorrência. A parceria com a Supergasbras para compartilhamento das bases de envase de GLP (gás de cozinha), anunciada dia 12, causou desconforto no setor. Concorrentes vêem indícios de uma fusão disfarçada e se mobilizam para mostrar ao regulador que há riscos à competição. Segundo uma fonte do setor, a empresa terá de “contar com uma baita vontade do regulador para aprovar” o negócio. Ao anunciar a parceria, a Ultragaz afirmou que o contrato de consórcio elevará de 19 para 25 suas bases de engarrafamento.
Apesar da afirmação de que não haverá alterações na operação comercial das empresas, restam dúvidas no setor. O argumento central é que hoje acordos de compartilhamento já são permitidos. Para uma fonte do setor, não se justifica a relação entre os concorrentes para uma operação que já existe.
Segundo essa fonte, o regulador terá de ter boa vontade para lidar “com dois concorrentes que falam: da cintura para cima estou abraçado com outro, chamo a base dele de minha, divido custos e, da cintura para baixo, estão dando caneladas. É quase uma pré-fusão e uma fusão que não poderia ocorrer”.
Em termos de participação, a avaliação é de que as duas empresas teriam, juntas, mais de 50% do mercado e, a depender da região, patamar até bem superior. Mais do que custos operacionais, o benefício mais evidente, na visão de concorrentes, seria o compartilhamento de investimentos.
Procurada, a Ultragaz reafirmou que a conclusão do negócio está sujeita a condições precedentes usuais, como a aprovação do Cade. A companhia reiterou que o acordo não muda a operação comercial entre ambas, “que continuarão competindo de forma independente”.
A Supergasbras afirmou que o contrato de compartilhamento de ativos do processo de engarrafamento é uma evolução à prática atual e está sujeito à aprovação do Cade. “Até a aprovação definitiva no Cade, nada mudará nas nossas atuais atividades de engarrafamento.” Segundo a companhia, um dos benefícios potenciais do acordo é ampliar o acesso à infraestrutura em áreas nas quais a companhia não tem base própria. A empresa, parte do grupo SHV Energy, tem e 9 mil revendas e atende 10 milhões de famílias no Brasil.
Fonte: O Estado de S.Paulo|
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