As importações brasileiras de diesel devem apresentar queda de 2,8% em relação ao observado em 2023, alcançando 14,1 milhões de m³ ao longo de 2024, projeta a StoneX. A consultoria de serviços financeiros também estima uma contração de 4% no consumo da gasolina C ao longo de 2024. No caso do diesel, a retração deve refletir o quadro de expansão da oferta doméstica e diminuição da mistura de diesel A no diesel B comercializado. Enquanto isso, o cenário da gasolina é atribuído à menor demanda brasileira pelo combustível no mercado internacional. A casa destaca, no caso do diesel, que houve uma produção forte pelas refinarias no primeiro bimestre do ano, com alta de 9,7% no acumulado do período contra o mesmo intervalo de 2023. Além disso, ressalta a mudança da mistura do biodiesel no diesel comercializado nos postos de combustíveis, do B12 ao B14, a partir de março de 2024, o que contribuiu para uma redução do consumo de diesel puro e das importações do produto. A avaliação vem após o volume de diesel A importado pelo Brasil em março apresentar queda de 26,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo 1,25 m³, de acordo com dados do MDIC. No acumulado do ano, as importações totalizaram 3,18 milhões de m³, baixa de 9% ante o mesmo período de 2023. A redução observada no último mês ocorreu mesmo após as importações de diesel iniciarem o ano de maneira aquecida — com as compras externas do combustível alcançando 1,06 milhão de m³, uma alta de 41,5% frente ao observado no início de 2023.
Assim como o diesel, as importações de gasolina recuaram no primeiro trimestre de 2024. De acordo com o MDIC, entre janeiro e março, as compras externas de gasolina ficaram em 894,5 mil m³, um volume 20,3% abaixo do observado no mesmo intervalo de 2023. Para os analistas Bruno Cordeiro e Isabela Garcia, que assinam o relatório da StoneX, essa queda das importações pode refletir alguns fatores. Entre eles, destaca-se a menor demanda doméstica pelo derivado no primeiro trimestre diante da maior competitividade do etanol hidratado. De acordo com a ANP, as vendas da gasolina C ficaram em 6,9 milhões de m³ nos primeiros dois meses do ano, uma queda de 7,6% no comparativo com o mesmo período em 2023. Já a demanda por etanol hidratado ficou em 3,4 milhões de m³ entre janeiro e fevereiro, volume quase 59% maior do que no ano passado. “Entende-se, portanto, que a paridade mais competitiva para o biocombustível (abaixo de 70%) nas principais praças demandantes de combustíveis leves no período considerado afetou a demanda pela gasolina, cenário que deve se estender nos próximos meses”, avaliam os analistas Bruno Cordeiro e Isabela Garcia em relatório. Eles também apontam a como um fator a maior defasagem dos preços internacionais para o praticado pela Petrobras desde meados de fevereiro, o que torna menos atrativa a importação de gasolina. Além disso, destacam a forte produção das refinarias nacionais, com a oferta acumulada de gasolina A entre janeiro e fevereiro expandindo 6,3% no comparativo com 2023 (4,69 milhões de m³). A expectativa é que se mantenha elevada nos próximos meses.
Por outro lado, as exportações de gasolina cresceram nos primeiros três meses de 2024, com o indicador acumulado entre janeiro e março ficando em 395 mil m³. No mesmo período do ano anterior, o volume foi de 6,6 mil m³. “Esse resultado no primeiro trimestre estende o movimento que se observa desde o final de 2023, com a menor demanda no mercado interno favorecendo ainda mais a exportação do combustível”, afirmam os analistas. Entre os principais destinos, estão os Estados Unidos (78%), China (12%) e Chile (7%). Ainda assim, os analistas ressaltam que o avanço das exportações nos últimos meses não implica a autossuficiência do país em gasolina, com o Brasil ainda dependente do mercado externo para atender a demanda doméstica, e as importações representando cerca de 14% da oferta do combustível em 2023.
Fonte: Valor Online
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