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Entrevista: Como a Comgás gerencia sua nuvem e aplicações de IA

A Comgás é uma gigante do setor de gás, com mais de 2,5 milhões de clientes espalhados por 96 municípios do estado de São Paulo. Diariamente, cerca de 13 milhões de metros cúbicos de gás passam pela rede de distribuição da empresa. Uma operação desta escala exige uma infraestrutura de TI robusta, e a coluna conversou com Thiago Trevisan – Diretor de TI, Inovação e Experiência do Cliente – para entender um pouco mais sobre como a Comgás opera sua estrutura de cloud e como vem adotando aplicações de inteligência artificial. Confira a conversa.

Como está a Comgás em seu processo de cloud?

Há cerca de três anos aprofundamos nossa jornada de nuvem, por meio de uma parceria com a Microsoft. Assim, atualmente 90% da nossa infraestrutura roda no Microsoft Azure. São 131 aplicações ao todo. Nosso movimento inicial foi um ‘lift and shift’, ou seja, uma migração sem grandes modificações nas aplicações, a fim de ter um processo mais rápido de adoção de cloud. Mas percebemos que aplicações que não são otimizadas para nuvem acabam tendo algumas limitações no seu funcionamento. Então no momento estamos em uma fase de ajustar e redesenhar as aplicações para que elas aproveitem melhor os recursos de cloud. Além disso, adotamos já algumas plataformas em modo SaaS, como a Salesforce para relacionamento com clientes e a Vtex para e-commerce. E estamos aprofundando nossa migração para a nuvem. Assinamos no fim do ano passado um contrato com a SAP para rodar o SAP/Hana já na nuvem da Microsoft. O processo de implementação deve levar cerca de dois anos. Atualmente não operamos mais data centers, mas temos algumas soluções que rodam em data centers da Raízen, que é outra empresa do grupo que controla a Comgás. Nossa solução atual de SAP, por exemplo, roda em um data center da Raízen.

Como é a adoção de Inteligência Artificial na empresa?

Há duas situações. Em alguns casos, quando é uma solução específica, desenvolvemos internamente. Um exemplo disso é uma aplicação de Machine Learning que criamos para controlar melhor a compra e venda de gás. A Comgás compra gás de distribuidoras, e vende para o consumidor final. Distribuímos cerca de 13 milhões de metros cúbicos de gás por dia. E este processo de compra/venda é também diário, pois não há como estocar o gás. Assim, quanto mais previsibilidade tivermos melhor. Cerca de 70% do gás que distribuímos é consumido por um pequeno grupo de ‘superclientes’. São grandes indústrias que demandam muito gás. E esses clientes também nos ajudam a antecipar alguma demanda extra de gás em períodos específicos. Por isso criamos internamente uma solução que projeta o consumo de gás, levando em conta uma série de fatores, incluindo componentes sazonais e demandas de clientes. Esse tipo de solução é muito peculiar ao nosso setor e vimos que não havia no mercado nada pronto. Criamos então internamente e já temos essa solução rodando há quatro anos. Já em outras situações há muitas soluções no mercado. Usamos por exemplo uma solução de IA no nosso atendimento ao consumidor, incluindo aí chatbots. A ferramenta faz análise de sentimento dos clientes, responde perguntas de forma automática e detecta possíveis queixas mais comuns, entre outras funções. É um caso em que há várias soluções no mercado, então faz mais sentido já comprar algo pronto. Também estamos usando IA para auxiliar nos nossos processos internos de compras. A empresa é grande e temos um time comprando suprimentos todo o tempo. E uma grande dificuldade é analisar as propostas dos fornecedores. Então, usado IA, desenvolvemos uma aplicação que recebe as propostas, analisa o que foi pedido, avalia custos e outros pontos. E a partir daí, por meio de dashboards, indica para o time qual seria a melhor compra para cada caso. Mas claro que a ferramenta comete erros, estamos ainda em fase de testes. Por isso temos times revisando essas recomendações.

Vocês também têm usado o CoPilot internamente, certo?

Sim. Até por conta da parceria com a Microsoft, temos usado o assistente de IA em algumas situações. Elas vão desde iniciativas mais específicas, como acelerar o desenvolvimento de código de algumas aplicações, até o uso mais geral integrado ao Office. Nessas situações temos visto que o CoPilot é muito eficiente para resumir reuniões e propor textos para respostas de e-mails. Uma vantagem do CoPilot é que ele também pode usar informações de nossas aplicações que estão na nuvem. Então podemos usar essa ferramenta para extrair dados de uma aplicação e montar uma apresentação, por exemplo.

Fonte: IstoÉ / coluna Só Nuvem

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