A Voqen, comercializadora de gás e energia da Braskem, lançou uma concorrência para compra de até 1,6 milhão de m3/dia de gás natural e biometano para a partir de 2025. A empresa mira o potencial de crescimento do mercado livre e quer comprar molécula tanto para consumo das unidades industriais do grupo quanto para terceiros – com foco no segmento industrial. A companhia se prepara para a primeira migração em janeiro, de uma unidade da Braskem em São Paulo. O volume destinado a essa planta, da ordem de 30 mil m3/dia, já foi adquirido junto a um fornecedor de gás nacional. Agora, a ideia é ampliar o portfólio de suprimento para escalar o negócio de comercialização de gás. A nova concorrência terá três produtos, com prazos de vigência diferentes: um primeiro, para fornecimento entre abril de 2025 e fim de 2027; um segundo para entre julho de 2025 e fim de 2027; e um terceiro para 2026. “A gente já vem estudando a entrada na comercialização de gás há dois anos, desenvolvendo algumas questões de sistemas, trabalhando aspectos regulatórios e agora sentimos a oportunidade de fazer esse movimento mais estruturado”. “As condições [de migração] hoje estão melhorando, já vemos outros clientes com interesse e apetite”, disse o diretor de comercialização de gás e biometano da Voqen, Cláudio Lindenmeyer Filho, em entrevista à agência eixos.
A entrada da Braskem no mercado livre de gás ocorre num momento em que grandes consumidores industriais começam a migrar. Só este ano, estrearam como usuários livres as siderúrgicas CSN e Ternium, além da Suzano, no setor de papel e celulose. Lindenmeyer conta que, do grupo Braskem, uma segunda unidade em São Paulo deve migrar para o mercado livre a partir de abril de 2025. “E depois vem, na sequência, outros clientes nas redondezas”, afirmou. A Voqen mira, como mercados prioritários, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. A companhia, aliás, já obteve autorização da Agergs para avançar com a migração no Polo Petroquímico de Triunfo (RS).
Lindenmeyer cita que os grandes volumes de gás consumido pela Braskem permitirão à Voqen montar um portfólio grande de suprimento e mitigar, assim, as penalidades para seus clientes. A companhia busca gás firme para sua carteira, mas o plano da comercializadora é oferecer também produtos flexíveis aos clientes. “Os clientes pedem fornecimento firme como prioridade, mas entendemos que vamos poder gerar flexibilização para os consumidores também”. Sobre as perspectivas de disponibilidade de gás no mercado, o executivo cita que há gás novo entrando no mercado – Rota 3 é um exemplo – e que a concorrência da empresa será ampla, de olho em oportunidades de aquisição tanto de gás nacional quanto importado eventualmente da Bolívia e Argentina. “Vamos abrir para todos players nacionais e da região (Bolívia, Argentina) para vermos quais os caminhos factíveis. Somos uma comercializadora independente, isso nos permite abrir o leque de opções de aquisição”, comentou.
Fonte: Eixos