De repente, a Europa se vê com um excesso de oferta de gás natural, o que derrubou os preços e está aliviando os temores de escassez e de racionamento do combustível no inverno, no momento em que o continente se afasta da Rússia como fornecedora de energia.
Há poucos meses, autoridades, executivos e analistas temiam que, com a Europa substituindo o gás russo após a invasão da Ucrânia — e a Rússia reduzindo as exportações em retaliação às sanções —, o continente não teria o combustível em quantidades suficientes para o inverno que se aproxima.
Os governos europeus fizeram apelos aos consumidores para economizar o combustível, alertaram para o risco de um racionamento obrigatório e compraram grandes volumes de gás dos EUA e do Qatar.
Essas medidas, juntamente com o clima quente fora de época, resultaram em grandes suprimentos de gás estocado em terra e em navios-tanque ao largo da costa.
“A oferta é boa”, diz Roland Harings, CEO da Aurubis, maior produtora de cobre da Europa e grande consumidora de energia. “Ainda não superamos o problema. Não estou dizendo que acabou. Mas a situação parece muito melhor do que há dois meses.”
Contratos futuros de gás que são referência no mercado atacadista caíram para 100 o megawatt-hora, dando continuidade à queda da semana passada e refletiram uma retração recente nos EUA também relacionada ao clima.
Dezenas de navios-tanque carregados de gás natural liquefeito (GNL) estão estacionados ao largo dos portos europeus. Embora o espaço de armazenamento e os ancoradouros capazes de receber a carga super-resfriada sejam escassos, alguns traders mantêm seu gás nos navios, na esperança de que os preços melhorem antes do desembarque — num sinal da reviravolta dada pelos mercados.
A posição confortável atual da Europa poderá ser temporária. A partir da próxima semana, as previsões poderão mostrar com alguma precisão como o clima de inverno afetará o armazenamento. Um inverno frio, seco e sem vento poderá sugar os estoques de gás e dificultar a geração de energia eólica. Um inverno ameno, úmido e ventoso poderá ajudar a reduzir a demanda por gás e impulsionar a geração de energia eólica.
Enquanto isso, uma onda de frio na Ásia poderá resultar no desvio de cargas de gás da Europa para China, Japão ou Coreia do Sul.
Fonte: Valor Econômico
Related Posts
Entrada de brasileiros na produção de gás na Argentina será uma tendência, diz Energyum
Atores do mercado brasileiro de gás natural e do setor elétrico têm buscado oportunidades de aquisição de participações em campos na Argentina, em busca de gás próprio para importação. a entrada de...
GNLink vence chamada da CEGÁS para fornecer gás ao interior do Ceará
A GNLink, distribuidora de GNL em pequena escala (small scale) venceu chamada pública da CEGÁS para o fornecer gás natural a cidades do interior do Ceará que não estão conectadas à rede de gasodutos da...

