As distribuidoras de gás afirmam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estimou preços abaixo dos praticados pelo mercado para definir os valores que serão pagos pelo programa Gás do Povo, lançado em setembro para substituir o antigo Auxílio Gás. Embora o setor apoie a iniciativa federal, as empresas afirmam que distorções regionais podem comprometer o funcionamento do modelo em algumas localidades. Essas distorções, afirmam, pode dificultar a adesão de revendedores ao programa que prevê atender cerca de 50 milhões de pessoas ao custo de R$ 3,5 bilhões neste ano e R$ 5,1 bilhões em 2026. Os preços de referência definidos pelo MME variam entre R$ 89,67 e R$ 125,05 até o fim deste ano. “A partir dos preços monitorados pela ANP, é possível observar diferenças relevantes entre o valor de mercado e o preço de referência estabelecido para alguns estados. Em determinadas regiões, essas variações podem representar desafios à adesão de postos revendedores de GLP”, afirmou o Sindigás.
Em resposta, o MME explicou que os valores foram calculados com base em uma metodologia específica para cada estado e que servirão como parâmetro tanto para o benefício às famílias quanto para os repasses às revendas. A pasta ainda destacou que a política será monitorada pelo Comitê Gestor do programa, responsável por propor ajustes conforme a evolução do mercado e o comportamento dos preços do GLP no país. O programa Gás do Povo prevê que famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único com renda mensal de até meio salário-mínimo retirem gratuitamente uma recarga do botijão de 13 kg em revendas credenciadas. A expectativa é de que 65 milhões de botijões sejam distribuídos anualmente em todo o país, um número três vezes maior que o do antigo Auxílio Gás. No entanto, a diferença de preços entre o valor de referência e a média calculada pela ANP, pode chegar a R$ 30 no Amazonas, enquanto em São Paulo fica em torno de R$ 16. “A entidade entende que a política está em construção e que, a partir do início do próximo ano, o preço será novamente objeto de análise pelo Comitê Gestor”, pontuou o Sindigás, que diz apoiar a iniciativa.
Mesmo diante das divergências, o sindicato afirmou que o setor está mobilizado para garantir o abastecimento contínuo e a viabilidade do programa. Cada distribuidora, diz a entidade, vem analisando os impactos locais junto aos seus revendedores e buscando soluções adequadas à realidade de cada região. “Vamos avaliar caso a caso, município a município, parceiro comercial a parceiro comercial e faremos acontecer”, disse Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás. A entidade afirma que a Caixa Econômica Federal já realizou reuniões com as distribuidoras para detalhar a sistemática operacional do programa, incluindo o credenciamento das revendas, o suporte técnico e o processo de pagamento dos benefícios. Caso sejam necessários ajustes, diz, as sugestões do setor serão apresentadas ao MME “de forma técnica e construtiva”, reforçando o compromisso das empresas com a transparência e a previsibilidade da política pública.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
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