Caso não haja desenvolvimento na rede de gasodutos, aproximadamente 60 milhões m³/dia de gás natural deixarão de chegar aos consumidores brasileiros nos próximos 10 anos, aponta a Abegás (Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado). Esse volume é equivalente à média de consumo total atual do combustível. A estimativa foi feita baseada no estudo realizado pela consultoria Strategy.
Em entrevista ao Poder360, o gerente de estratégia e competitividade da associação, Marcelo Mendonça, afirmou que, com uma infraestrutura adequada, o Brasil terá potencial para duplicar a oferta de gás natural até 2030. Atualmente, a oferta total está na base de 100 milhões de m³/dia (metros cúbicos por dia).
Mendonça explica que, devido à limitação na rede de gasodutos para escoar e transportar o gás até a distribuidora, cerca de 30 milhões de metros cúbicos do gás são reinjetados no campo de exploração por dia.
“O volume é maior do que toda a demanda industrial por gás no Brasil. Poderíamos duplicar o consumo da indústria se tivéssemos infraestrutura”, disse.
Parte da devolução do gás ao campo é técnica e necessária para aumento da produção de óleo –no Brasil, a exploração e produção dos combustíveis são associadas–, mas, por falta da infraestrutura adequada, isso é levado ao limite da capacidade do campo.
“Com infraestrutura disponível para levar o gás ao mercado é possível aumentar a oferta e baratear o custo. Novos produtores vão chegar e vai ter competição. A distribuidora poderá escolher de quem vai comprar”, disse.
A proposta de criação de 1 fundo para financiar a expansão de gasodutos, o Dutogas, feita pelo deputado Julio Lopes (PP-RJ) no relatório da medida provisória 814, é vista pela associação como estratégica para o desenvolvimento do setor.
Mendonça afirma que muitos países utilizaram recursos da exploração de óleo para investimentos em infraestrutura, como Abu Dhabi e a Noruega. De acordo com ele, a expansão de dutos aumentaria a oferta de gás natural e a arrecadação da União em royalties.
A Abegás projeta que a entrada de novos agentes no setor geraria de 15 a 30 mil postos de trabalho diretos por ano. Hoje, 20% da produção de gás está na mão de outras empresas que não são a Petrobras. Mas não há infraestrutura para o insumo chegar ao consumidor.
UNIVERSALIZAÇÃO DO GÁS NATURAL
A associação também acredita que a ampliação da infraestrutura de transporte de gás vai ampliar o acesso ao combustível. Segundo a Abegás, atualmente apenas 3,8% de usuários no país têm acesso ao gás natural.
O único investimento programado para o setor é o Rota 3, pela Petrobras. O projeto prevê a construção de uma unidade de processamento de gás e de 1 gasoduto de 355 km, no Rio de Janeiro. O contrato, firmado com as empresas Método Potencial e Shandong Kerui Petroleum (China), tem valor de R$ 1,95 bilhão.
O empreendimento é destinado ao escoamento do gás de campos do pré-sal da Bacia de Santos. A previsão é que entre em operação em 2020. A unidade terá capacidade de processamento de até 21 milhões de metros cúbicos do insumo por dia.
Na avaliação de Mendonça, a capacidade do duto não é suficiente para escoar toda a oferta que o Brasil poderá produzir nos próximos anos, dadas as recentes descobertas de reservas de óleo e gás. “Se o gás não chegar ao mercado, não resultará em arrecadação e não beneficia o próprio fundo do setor”.
Fonte: Poder360
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