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A hora da expansão do GNV nos transportes urbanos

Em artigo publicado pela Autobus, o gerente de marketing para GNV da Comgás, Ricardo Vallejo, fala das vantagens do combustível de gás natural e diz que uma nova legislação em São Paulo tem tudo para impulsionar o GNV nos transportes urbanos.

Uma mudança recente na legislação municipal de São Paulo, em conjunto com uma nova licitação que está em curso na cidade, tem tudo para representar um grande impulso para a adoção do GNV nos transportes urbanos. Até o começo desse ano, o uso do gás natural no setor era dificultado pelo artigo 50 da lei municipal 14.933/2009, conhecida como Lei das Mudanças Climáticas. Mas a sanção da lei 16.802/2018, que alterou dispositivos da lei anterior, deixou o caminho livre para a expansão do GNV na frota de ônibus municipais (e também nos caminhões de coleta de lixo), abrindo espaço para que uma fonte energética e amplamente disponível – como é o caso do gás natural – também contribua para cortar emissões de poluentes e gases do efeito estufa como CO, NOx, MNHC, CH4 e PM.

Trata-se de uma mudança muito importante e absolutamente necessária – e não só pelos benefícios ambientais. O GNV é um recurso energético absolutamente viável sob o ponto de vista técnico e financeiro, com excelente custo-benefício e diversas vantagens para frotistas e condutores. Com o caminho amplamente livre para a adoção desse combustível no transporte urbano, quem investe no setor tem hoje a oportunidade de levar às ruas veículos mais avançados e com tecnologias mais limpas. Já estamos quase encerrando a segunda década do século XXI e está mais do que na hora de refletir sobre uma solução energética disponível capaz de vincular a questão ambiental ao retorno financeiro e à eficiência operacional.

O GNV leva à atmosfera quase zero poluentes locais (MP e NOx) e 23% menos CO2 do que o diesel. Economicamente, é o mais viável dos combustíveis alternativos. Afinal, o gás natural é o único insumo com um custo operacional menor do que o diesel – ou seja, é o mais viável de ser implementado em curto prazo pelo setor de transportes urbanos.

Em 1991, a cidade de São Paulo testou o uso de gás natural em alguns ônibus. A experiência não deu certo, mas os problemas registrados na época estão totalmente superados. A tecnologia dos motores evoluiu, a rede de gás natural se multiplicou, a oferta de gás natural cresceu, mas o que não mudou foi a poluição nos grandes centros. E essa questão só piorou.

Até 2016, diante de uma frota de 14 mil ônibus na capital paulista, apenas 3% atendiam às exigências do programa Ecofrota, iniciado pela prefeitura em 2010. Esse baixo percentual se devia à limitação das alternativas disponíveis até então para diminuir as emissões, com veículos elétricos ou movidos a biodiesel (B7) ou etanol (Amirys) – combustíveis já descontinuados pelo custo elevado, até sete vezes maior do que o gás natural.

Com isso, o prazo inicial para que toda a frota operasse apenas com fontes de energia mais limpas – meta que deveria ser batida em 2018 (após reduções anuais de 10%) – tornou-se praticamente inviável.

Ou seja: não fazia sentido algum manter o veto ao gás natural com a exigência de que apenas combustíveis renováveis passassem a ser utilizados nas frotas municipais. Nesse contexto, a mudança na lei municipal é uma importante vitória.

O novo processo de licitação que está em curso na capital paulista, visando renovar a concessão do serviço de transporte coletivo de passageiros na cidade, é o grande momento para colocarmos novas soluções e tendências em prática. É a primeira vez que uma licitação na cidade traz como preocupação real cortar as emissões de veículos de transporte público. O prazo de entrega para as propostas se encerra no mês de junho de 2018, em datas definidas de acordo com cada grupo de veículos (estrutural, local de articulação regional e local de distribuição).

Com isto, em conjunto com a nova lei já em vigor, não há como enxergar esse momento de outra forma que não uma excelente oportunidade para ir além de oferecer maior comodidade e qualidade do serviço ao usuário – garantindo também uma frota mais limpa com uma alternativa energética real e economicamente viável como o GNV.

Além disso, o impacto que a priorização aos combustíveis líquidos tem gerado nos custos operacionais dos frotistas é outro elemento que não pode ser ignorado. Vimos ao longo do mês de maio de 2018 uma série de manifestações lideradas pelos caminhoneiros contra a alta do preço do diesel que sai das refinarias – que de fevereiro a maio saltou de R$ 1,81 para R$ 2,87 por litro. Num cenário hipotético, se a frota nacional fosse majoritariamente equipada com GNV, os custos seriam significativamente mais baixos para o setor.

Só para se ter uma referência, no Sudeste o custo do quilômetro rodado na gasolina é de cerca de R$ 0,47 e o do etanol, de R$ 0,52, enquanto que  o do GNV é de R$ 0,21. Além disso, não há registro de falta de GNV nos postos – lembrando que o abastecimento do gás natural encanado aos varejistas ocorre diretamente pela rede de distribuição e não depende da mesma logística para transportar combustíveis líquidos.

Mesmo com todos esses argumentos colocamos na mesa, é necessário ponderar que a mudança na lei e um novo processo licitatório no sistema de transporte urbano, sozinhos, podem não ser suficientes.

É fundamental que as políticas ambientais e energéticas focadas no setor de transportes urbanos tenham continuidade. Também conta muito a mudança de percepção dos gestores de frota e de quem aplica dinheiro no setor. Nós, representantes do setor de energia, continuamos trabalhando intensamente para reforçar que o GNV no transporte coletivo é uma solução real, totalmente viável e já amplamente disponível para toda a cadeia produtiva.

A Comgás, por exemplo, acompanha de perto montadoras como a Scania, que tem um projeto

muito interessante de veículo movido a gás natural, com tecnologia Euro VI (no Brasil estamos no Euro V). A montadora fez diversas demonstrações no Brasil do primeiro ônibus movido a biometano/GNV da história da indústria de veículos comerciais do País – uma tecnologia que já é reconhecida na Europa e em diversas cidades do mundo, contribuindo para a proliferação de um transporte mais sustentável. Em comparação com um veículo similar a diesel, o ônibus com GNV emite 70% menos gases poluentes. Essa solução também já está sendo comercializada bem perto de nós – por exemplo, em países como a Colômbia, Perú e México A hora do GNV nos transportes urbanos é agora.

 

Fonte: Revista Autobus

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