Os preços do petróleo mantiveram reação modesta ao aumento das tensões entre o Irã e o Ocidente, fechando a sessão de segunda-feira (22) em alta de cerca de 1%, repercutindo o anúncio de que Teerã havia apreendido um petroleiro de bandeira britânica na sexta-feira (19).
Os futuros do West Texas Intermediate (WTI), a referência americana, para agosto subiram 1,06%, para US$ 56,22 o barril na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex). O petróleo Brent, referência mundial, subiu 1,26%, para US$ 63,26 por barril, na ICE, de Londres.
As forças iranianas capturaram, na sexta, um petroleiro de bandeira britânica no Golfo Pérsico, alegando que a medida teria sido uma retaliação pela apreensão, por parte do Reino Unido, de um navio iraniano em Gibraltar, há duas semanas. No sábado (20), o petroleiro Stena Impero, de bandeira do Reino Unido, chegou ao porto iraniano de Bandar Abbas com seus 23 tripulantes ainda a bordo.
Apesar de as taxas diárias de petroleiros terem subido, em meio às hostilidades em torno da mais movimentada rota de transporte de petróleo do mundo, os preços do petróleo bruto não estão refletindo o drama geopolítico que está ocorrendo, dizem os analistas.
“Passar pelo Estreito de Ormuz envolve riscos consideráveis para os petroleiros internacionais, o que, em nossa opinião, justifica um prêmio de risco consideravelmente maior sobre o preço do petróleo do que é atualmente negociado”, disse Carsten Fritsch, analista do Commerzbank AG.
Os preços caíram cerca de 5% na semana passada. Os dados dos Estados Unidos, que mostram uma queda menor do que o esperado nos estoques de petróleo no país, tiveram um efeito maior no mercado do que a turbulência no Oriente Médio.
A inesperada dissipação do furacão Barry na semana passada também aliviou a pressão sobre os preços da commodity, já que as interrupções no fornecimento foram evitadas. Autoridades americanas afirmaram, no sábado, que os trabalhadores retornaram a quase todas as plataformas tripuladas no Golfo do México e que apenas cerca de 3% da produção de petróleo no mar permaneceu fechada.
A escalada nas tensões geopolíticas no Oriente Médio vem no contexto de vários ataques a navios-tanque, oleodutos e estações de bombeamento dentro e ao redor do Estreito de Ormuz nos últimos meses. A via marítima transporta um terço do petróleo e gás marítimos do mundo. Muitos desses incidentes foram atribuídos ao Irã, o que Teerã nega.
“Apesar de não haver interrupções de produção, os mercados percebem que a situação está longe de ser resolvida”, disse Giovanni Staunovo, diretor do escritório de investimentos do UBS Wealth Management.
Fonte: Valor Online